quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DESCONTROLADO MATEI

  DESCONTROLADO  MATEI


        Esposei uma linda moça que concretizava todos os meus sonhos de rapaz. No início vivíamos como que arrebatados por uma atmosfera de alegria, de paz e de encantamentos.
        Veio o primeiro filho, que alegria! Nosso lar foi abençoado e o segundo... Minha esposa se recusava em ter o terceiro. Estava muito distante e muitas vezes me recusava o carinho. Eu compreendia, era o medo de engravidar.
     Os anos passaram, os filhos cresceram e ela mudou tanto de temperamento que era irreconhecível. Era uma mulher diferente, frequentava muitos salões de beleza e estava muito fútil.
          Eu fazia de tudo para dela me aproximar, conversar um pouco com ela para saber por que motivo ela se afastava tanto de mim. Eu ainda a amava.
          Meu primeiro filho começou a namorar e quis se casar. Já estava um homem feito. Era um rapaz muito centrado, estudou e já trabalhava. Preparou o casamento e se foi para constituir sua família.
          O segundo veio até mim e demonstrou a vontade de concluir seus estudos fora. E se foi também. Ficamos só eu e ela.
         Qual não foi minha surpresa em saber que ela também me abandonaria. Chamou-me à parte e disse com toda frieza: Já não te amo mais, ou melhor, nunca te amei e meu coração não te pertence. Meu coração pertence a outro...  E eu num lance de ódio, fui até ela, a esbofeteei, corri até meu quarto, no móvel fechado, e peguei um revólver e a matei.
          Oh! Destino cruel! Por quê? Por quê? Que fiz de errado? Tudo ou nada? Ela jazia morta, e eu não tinha mais recurso. O recurso que tive às mãos era virar o revólver contra o meu peito e me matar.
        Ai sim, sofri, sofri, sofri muito. A dor e o remorso, a cobrança de todos, dos vivos e os mortos. A minha própria cobrança o que fazer? Não sei.
        Hoje já estou melhor depois de muito tempo (não sei exatamente quanto) de sofrimento atroz; o tiro retumbando no meu peito, os gritos de minha esposa ao morrer... Isso me perseguiu e me persegue sempre.
          Tenho arrependimento do que fiz e sei que não sou digno de perdão. Mas segundo aprendi por pessoas que me ajudaram Deus vai me perdoar. O orgulho de um homem ultrajado e traído, a falta de uma religião, a falta de fé me venceram.
        Hoje sei que tudo isso vai passar e eu aqui estou prestando este testemunho pedindo a todos: Não percam a paciência e o controle nunca.
         O descontrole faz muitas vítimas que se calam sem querer, sofrem por terem feito o que não queriam fazer e fazem sofrer aqueles que lhe querem bem.   
   
            Benedito de Jesus.

           Republicação em 2020.                                     
              Médium: Catarina.

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