O VAZIO DO SUICÍDIO
O que vamos fazer? Aconteceu. Devemos aceitar
o fato e continuarmos nossas vidas.
Mas não foi bem assim que fiz. Continuar a
vida depois de perder quase tudo e as pessoas que amo?
Morreram todos em um acidente fatal. Foram
carbonizados. Não sobrou nada...
Eu tinha que continuar minha vida? Como?
Perdi minha filhinha que tanto amava, ainda
tão criancinha... E minha esposa que era o meu baluarte na vida...
Comecei a pensar, a pensar. Parei de ir ao
trabalho, que antes nunca tinha faltado... Mas todos me apoiaram. O chefe me
chamou e me disse que eu poderia tirar um tempo de licença...
Foi a pior coisa, pois eu fiquei à toa
perambulando. Ia ao bar bebia um pouco, ia para casa e lá não tinha sossego...
Pensava em como minha casa era feliz na presença de minha esposa e minha
filhinha...
E o pensamento de desistir de tudo povoava
minha mente. Mente enferma, pois aquele acidente não aconteceu só com minha família,
mas me atingiu profundamente. Era o caos...
Pensei em fugir de tudo, da vida. Se eu
morresse acabaria aquele tormento e certamente me encontraria com os amores de
minha vida.
E foi o que eu fiz. Derramei um veneno
fatal em um copo de refrigerante. Me matei...
Oh tristeza, a principio não me lembro de
nada, pois minha cabeça girava em rodopios. Depois comecei a sentir dores
atrozes, muita sede e não via ninguém, era o vazio absoluto... Não estava
escuro, mas eu não enxergava ninguém, mas ouvia vozes terríveis. Gemidos, dores
sem fim. Tudo em mim doía. Parecia que meu corpo era uma chaga só. Comecei a
relembrar meus últimos pensamentos. A ingestão do veneno...
Oh eu morri, mas sinto dores? Como assim?
Isso eu não sabia, pensava que morrendo sentiria alívio para tudo.
E minha esposa e minha filhinha, onde
estão?
Senti desejo de sair daquele lugar com tantos
pesadelos, mas meus pés e minhas pernas estavam atolados em um solo lodoso.
Meu Deus! Estou preso nesse lugar... Era
assim que eu sentia. Mas o pior era que o solo lodoso exalava um mau cheiro terrível,
e comecei a divisar formas humanas irreconhecíveis.
Meu Deus me ajude, O que fazer? Eu não
sabia.
Passaram muitas horas, mas nada acontecia.
Parecia que eu estava abandonado. O quê fazer?
Dormia, pois o sono era a solução para
esquecer que estava ali. Acordava e vinha o pesadelo novamente.
Comecei a rezar para meu anjo da guarda: “Santo
Anjo do Senhor, meu zeloso guardador...”.
Foi aí que notei a meu lado alguém que era
humano como eu, mas que flutuava sobre aquele brejo e me tirou dali, me levando
para um hospital, onde eu poderia dormir em paz. Lá outros dormiam, gemiam e
exalavam humores pelas narinas, bocas e ouvidos que eram ajudados pelos “enfermeiros”.
Eu também fui tratado, mas depois de muito
sofrimento.
Até hoje não reencontrei minha família, mas
sei que vou encontra-las quando me recuperar.
Estou deixando essa narração porque sei que
estão celebrando “a vida” e tentando evitar o suicídio. Quero dar meu
depoimento dizendo: “Por favor, não pensem nem de leve no suicídio. É muito
mais sofrimento do lado de lá”.
Um
espírito suicida que se chamava Joaquim.
Psicografia recebida em 2019.
Médium: Catarina.