sexta-feira, 29 de março de 2019

HOMEM  OU  MULHER, QUAL  É O CERTO?


Papai me perdoe, eu tentei ser o homem e o filho que o senhor sempre sonhou, mas não consegui. Eu lutei intensamente. Dias e noites eu vivia em constante luta íntima, para não ser essa figura desprezível que o senhor tinha vergonha. Eu sempre tinha em meu coração uma esperança que eu ia ser o filho hétero, macho e pegador de mulheres, mas enfim me tornei uma mulher literalmente. Foi muito forte, estava no corpo errado e não pude ser o que não existia em mim, o espírito masculino. 
Mas tenho vergonha, não pela minha escolha sexual, mas sim pelo ato infeliz que cometi: o suicídio. Eu sou um filho de Deus e não uma aberração do “Infeliz”, e era essa convicção que eu tinha que ter, pois jamais faria uma coisa para envergonhar o senhor e a minha mãezinha. Sei do sofrimento que causei a todos vocês com meu ato, mas estava em total solidão e esse mundo é tão grande e preconceituoso que não suportei. Infelizmente.
Sofri horrores, pois cometi o pior dos pecados. Hoje estou me recuperando e recebendo todo o cuidado, carinho e principalmente esclarecimento, pois devemos ter mais conhecimento antes de recriminar, julgar e abandonar um filho que deixou o convencional homem e mulher. Isso é o certo? Ou o certo é ser digno, respeitado, bom homem no sentido bom filho de Deus.
O que é melhor para um pai? Um filho criminoso que tira a vida de outro homem, mas ele é homem e os pais querem filho homem, não importa a sua essência, o seu ser, o seu eu?
 Eu ainda não tenho o seu perdão, pois não consigo sentir nenhuma vibração de amor vindo do senhor, mas eu te amo como no momento em que soube que seria o seu filho homem, tão esperado e desejado.
Minha mãezinha querida me perdoe, pois sei de todo o seu sofrimento e do seu desespero quando não tinha condições e nem autoridade para me ajudar, mas sempre soube do seu amor por mim e eu sinto que a senhora me perdoou e ora sempre para que o Pai me tire da escuridão. Já não me encontro na escuridão graças a Deus.
Obrigada mãezinha querida, foram suas preces que me devolveu a Luz.

João Gabriel Ferreira.
“Maria”.

            Médium: M. Nicodemos.
            Republicação.

sexta-feira, 22 de março de 2019


MINHA  HISTÓRIA  DE TRABAIADÔ


Os irmão cá dessa terra,
Num sabe o que é desesperá
Quando um fio que nós espera
Demora tanto a chega

Nos mora nesse sertão
Que os óio não sabe onde vai pará
Longe de tudo e de todos
os home do lado de lá

Trabaiamos dia e noite
A terra sempre a ará
Quando chega os tempos das água
Não tem água pra regá

E nosso fio o que faz?
Fica veio e vai embora
E nós “veio” de verdade
Não sabe quando chega a hora

De pará de tanto trabaio
De pará de tanto sofrê
E asdispois o que acontece?
Só nos resta é morre.

Foi comigo o que aconteceu
Envelheci no trabaio rude
E adispois que me cobram?
Um tantinho de virtude.

Que virtude, qual o quê
Se trabaiei até morre
O que eu quero agora
É parar de sofrê.

E sabe que eu parei
Tô até feliz agora
Me falaram que vô vortar
Para cumprir minha gloria

Vou nascer em terra boa
Que produz um por mil
Bem no campo florido
Nesse querido Brasil.

Chico.

Psicografia recebida em 2019.
Médium: Catarina.

sexta-feira, 15 de março de 2019


O  APEGO  A  PESSOAS  FAZ  MAL


  Apego, ah o apego! E não falo do apego material, do apego ao dinheiro. O apego que falo é o apego a pessoas.

Passo agora a contar-lhes a minha história. Conheci meu marido, o grande amor da minha vida, ainda muito jovem e logo nos apaixonamos, que amor sentíamos um pelo outro. Namoramos alguns anos e como meu amado desde bem jovem trabalhava com o pai em promissora empresa, logo tivemos condições de realizar nosso sonho. Casamos num dia lindo, pra mim o mais lindo que vivi.
Vivíamos felizes, muito felizes, logo alguns poucos anos depois nasceu nossa primeira filha, linda e muito amada. Alguns anos mais tarde Jesus nos presenteou com mais uma filha, tão linda e amada quando a primeira.
Que vida feliz tínhamos, eu vivia pelos três e meu marido sempre muito carinhoso dava-nos amor incondicional.
Devido ao trabalho na empresa tínhamos vida confortável, tínhamos condições financeiras que podia nos propiciar muitas coisas, viajamos com frequência e tudo era alegria e prazer.
Acompanhávamos o crescimento das nossas meninas. Eu poderia ter quem cuidasse da casa e das refeições, tinha sempre alguém a me auxiliar, mas mesmo assim fazia questão de estar no controle de tudo, cuidando com amor do meu companheiro e das minhas meninas que já se tornavam lindas moças. Mesmo com tantos anos juntos eu e meu marido vivíamos como eterno namorados.
E assim a vida ia passando.
Um dia tive uma dor de cabeça alucinante, nunca tinha sentido uma dor de proporção tão forte. Fui imediatamente levada a emergência de um hospital e após exames constataram que eu estava com um aneurisma e precisava de intervenção cirúrgica imediata. Consegui ainda que meio zonza entender a minha situação, via no olhar do meu marido um desespero muito grande e nas meninas um choro desesperado de medo, ainda consegui consola-los, dizer que logo eu estaria bem e que tinha certeza de que Jesus me restabeleceria a saúde.
Assim segui rumo a sala de cirurgia. Daí pra frente já não mais sabia de nada, perdi completamente a consciência. Tempos depois acordei em um quarto de hospital, vi uma enfermeira que me olhava carinhosamente, logo lembrei-me o que havia acontecido. E uma felicidade tomou conta de mim, então eu havia acordado e com certeza a cirurgia teria sido um sucesso, logo perguntei pela minha família e solicitei que eles fossem avisados que eu havia acordado e que viessem me ver. A enfermeira sorriu-me um tanto diferente e me disse que isso não seria possível, e de indagação a indagação acabei entendendo o que aconteceu. Tinha morrido! Não, não podia ser verdade, desesperada gritei, chorei e acabei adormecendo, e assim os dias foram se passando até que consegui entender definitivamente que nada mais podia ser feito.
Estava num lugar de tratamento e me convinha ficar ali, para que pudesse me recuperar, mas aí veio a saudade, o desespero e de repente me vi em minha  casa, via a tristeza e dor naquele ambiente antes tão feliz, vi os três juntos a falarem em mim e como seria a vida deles. Meu Deus, acho que foi o pior momento que vivi, resolvi então que eu ficaria ali, continuaria no meu lar com os que eu tanto amava.
Mas as coisas não funcionam assim e a cada vez que eu me aproximava do meu marido, ele ficava pálido e acabava deitado na cama sentido imenso mal estar. A mesma coisa acontecia com as meninas, elas eram invadidas por uma tristeza sem limites e eu cada vez mais apegada aquele ambiente que não mais me pertencia. Muitas vezes fui amparada e aconselhada por espíritos amigos a ir com eles a deixar aquela casa. Que dor sentia quando acontecia isso.
Até que algum tempo depois uma das meninas, a mais nova, entrou em depressão profunda para loucura da mais velha e do meu marido que já não sabiam mais o que fazer para que ela recuperasse. Ver minha menina naquela situação doía-me a alma.
Só depois de passar por isso, foi que resolvi atender aos apelos da minha vozinha que implorava para que eu a acompanhasse. Resolvi então seguir com ela e pude ver a minha filha se recuperando e a alegria devagar retornando na vida deles, mesmo com muitas saudades de mim.
Continuo amando-os muito, continuo recebendo dos três enorme amor e lindas preces que me reconfortam. Aí digo pra vocês, amar é muito bom, mas não com tanto apego, Deus tem planos distintos para cada um nós, eu regressei, mas eles continuam e precisam seguir em frente, o meu tempo com eles fisicamente acabou, mas a vida deles tem que seguir em frente.
Quanto sofrimento teria sido evitado se esse apego imenso não existisse.
Meus amigos o apego excessivo não é positivo não, somos seres individuais e temos que atentar para isso.
Quanto sofrimento, quanta dor passei por não entender isso.

Luíza.

           Psicografia recebida em 2019.                                     
            Médium: Débora.

sexta-feira, 8 de março de 2019





ERA TÃO  JOVEM PRA MORRER

Passei e como passei. Entre arranhões e solavancos passei a porta estreita. Tão estreita que eu seria incapaz de calcular que nela passaria.
Meus amados, meus amigos e parentes correram para me salvar, mas foi em vão. Rolei por tantos lugares que nem sei dizer, até que enfim me encontraram.
Eu estava muito mal, mas eu me via qual fosse alguém que não eu. Eu não era capaz de sentir mais meu corpo, no entanto eu o olhava.
Fui levado ao IML, e lá me reconheceram. Era incapaz, e sou incapaz de transmitir as sensações de dó e de pena que senti ao ver meu irmão reconhecer meu corpo. Eu morrera.
Sofri muito, porque era tão jovem para morrer. Tinha tantos planos, mas fui pego de improviso, não sei se pela morte ou pelas circunstancias de minha morte.
Sou hoje amparado por irmãos maiores que me amparam e acobertam, por isso tive a condição de aqui estar. Já estive aqui outras vezes, mas não tive como me comunicar.
Peço a vocês que sempre se lembrem de mim, não como alguém que falhou, mas como alguém que procurou acertar e não conseguiu.
Espero estarem mais conformados e peço perdão por algum deslize por mim executado, mas que lhes digo com sinceridade, sem intenção para tal.
Façam o que desejarem com alguma coisa que ainda restou de mim aí na Terra, mas eu peço que se for possível doem os meus pertences e ajudem alguém em meu nome para que eu possa me sentir melhor.
Mais uma vez me perdoem e Deus nos abençoe.

Luiz.   

(Assassinado aos 19 anos de idade).
                                                               
 Psicografia recebida em 2019.                                     
 Médium: Catarina.