O AUTISTA
Hoje não me sinto só, realmente nunca
estive, mas não conseguia sentir a presença de ninguém. Quantos tentaram chegar
perto de mim e eu simplesmente não permitia tal aproximação.
Sempre gostei de ficar sozinho e ia para um
mundo onde eu era eu somente, ali eu ficava a brincar, estudar e muitas das
vezes a morar, pois ficava nesta situação por dias, entregue aos meus
pensamentos.
Meus pais estavam preocupados comigo, sou
de uma família grande, eu tinha quatro irmãos e todos viviam de acordo com as
conficções da vida, todos estudavam, brincavam com amiguinhos e ficavam sempre
ligados nos acontecimentos familiares e corriqueiros. Eu não vivia só e sozinho
ficava, as vezes eu pegava um brinquedo
e ficava com ele por hora, mas sempre no meu mundo, um mundo onde só existia
eu, somente eu.
Meus pais já não aguentava mais ver aquele
menino tão bonito e inteligente, pois possuía um QI muito elevado, não tinha
nenhuma dificuldade com os números, mas gostava de viver no seu mundo sozinho.
Visitei vários médicos, possuía um
distúrbio, mas eles não sabiam qual, e principalmente como lidar. E eu ali
vivendo no meu mundo sozinho, eu não conseguia explicar que eu estava feliz,
pois eu estava num lugar onde eu queria estar, que eu havia criado e era o meu
mundo.
Um dia minha mãe já muito angustiada de não
poder me ajudar, pois havia crescido e virado um homem, um homem que não deixou
de viver no mundo que eu gostava de ficar. Ela ficou me olhando e tentando
entender, onde um rapaz como eu poderia estar, onde sua cabeça o levava e ele
ficava por horas e dias em estado de plena fixação e disse: eu tenho que achar
um profissional que vai ajudar o meu filho a sair deste estado e viver a vida
que todos viviam. Vou procurar um psiquiatra, não que eu acho meu filho louco,
na época havia muitos preconceitos que com os psiquiatras somente loucos eram
tratados.
O dia da consulta chegou e logo o medico Dr
Joaquim falou: seu filho é uma criança autista e com uma inteligência
maravilhosa, a senhora tem que leva-lo a uma escola, onde tem profissionais
capacitados que iriam ajudar e a fazer seu filho a viver com menos frequencia
no mundo dele, trazendo ele para viver um pouco mais aqui e com vocês.
Hoje já desencarnado e tendo já um pouco de
conhecimento e estudo muito a respeito do autista, e vejo que eu precisava
mesmo estar em um mundo que eu havia criado, pois não seria um ser humano
normal e sim um ser humano terrível.
Quero deixar aqui os meus agradecimentos
aos meus pais que com um pouco de conhecimento e amor, conseguiram muitas das
vezes me trazer para o mundo real.
Um grande abraço a todos.
João Gabriel.
Psicografia
recebida em dezembro 2015.
Médium: M. Nicodemos.