domingo, 31 de janeiro de 2016

O AUTISTA

Hoje não me sinto só, realmente nunca estive, mas não conseguia sentir a presença de ninguém. Quantos tentaram chegar perto de mim e eu simplesmente não permitia tal aproximação.
Sempre gostei de ficar sozinho e ia para um mundo onde eu era eu somente, ali eu ficava a brincar, estudar e muitas das vezes a morar, pois ficava nesta situação por dias, entregue aos meus pensamentos.
Meus pais estavam preocupados comigo, sou de uma família grande, eu tinha quatro irmãos e todos viviam de acordo com as conficções da vida, todos estudavam, brincavam com amiguinhos e ficavam sempre ligados nos acontecimentos familiares e corriqueiros. Eu não vivia só e sozinho ficava, as  vezes eu pegava um brinquedo e ficava com ele por hora, mas sempre no meu mundo, um mundo onde só existia eu, somente eu.
Meus pais já não aguentava mais ver aquele menino tão bonito e inteligente, pois possuía um QI muito elevado, não tinha nenhuma dificuldade com os números, mas gostava de viver no seu mundo sozinho.
Visitei vários médicos, possuía um distúrbio, mas eles não sabiam qual, e principalmente como lidar. E eu ali vivendo no meu mundo sozinho, eu não conseguia explicar que eu estava feliz, pois eu estava num lugar onde eu queria estar, que eu havia criado e era o meu mundo.
Um dia minha mãe já muito angustiada de não poder me ajudar, pois havia crescido e virado um homem, um homem que não deixou de viver no mundo que eu gostava de ficar. Ela ficou me olhando e tentando entender, onde um rapaz como eu poderia estar, onde sua cabeça o levava e ele ficava por horas e dias em estado de plena fixação e disse: eu tenho que achar um profissional que vai ajudar o meu filho a sair deste estado e viver a vida que todos viviam. Vou procurar um psiquiatra, não que eu acho meu filho louco, na época havia muitos preconceitos que com os psiquiatras somente loucos eram tratados.
O dia da consulta chegou e logo o medico Dr Joaquim falou: seu filho é uma criança autista e com uma inteligência maravilhosa, a senhora tem que leva-lo a uma escola, onde tem profissionais capacitados que iriam ajudar e a fazer seu filho a viver com menos frequencia no mundo dele, trazendo ele para viver um pouco mais aqui e com vocês.
Hoje já desencarnado e tendo já um pouco de conhecimento e estudo muito a respeito do autista, e vejo que eu precisava mesmo estar em um mundo que eu havia criado, pois não seria um ser humano normal e sim um ser humano terrível.
Quero deixar aqui os meus agradecimentos aos meus pais que com um pouco de conhecimento e amor, conseguiram muitas das vezes me trazer para o mundo real.   
Um grande abraço a todos.  

João Gabriel.                               

 Psicografia recebida em dezembro 2015.

             Médium:  M. Nicodemos.

domingo, 24 de janeiro de 2016

COM DEPRESSÃO ME MATEI

         Por que esse choro, por que essa aflição? Você tem de tudo é jovem, feliz... O que mais você quer?
         Era isso que todo mundo que me conhecia falava para mim. Eu era um trapo humano, só chorava e queria morrer para ver se tudo isso acabava. A depressão me consumia.
        Cada dia que passava era um tormento. As noites um pesadelo. Eu era uma jovem, que aos olhos dos outros nada me faltava. Mas me faltava algo que ninguém percebia. Era uma força interna, capaz de me sustentar. Eu era vazia... Não tinha sonhos, só pesadelos. Até que um dia eu resolvi liquidar com tudo isso, e me matei.
         Aí sim, sofri, sofri e sofri muito. Aquilo que eu havia sofrido em vida não era nada perante meu sofrimento após a morte. Achava que estava viva e as dores me dilaceravam. Aí sim, não tinha ninguém para me perguntar o “porquê” daquele sofrimento. Só me acusavam de covarde, de fraca, e inconsequente. Eu não conseguia nem chorar, porque não deixavam. Tinha sede e fome, mas nada para me saciar.
         Aí pensei em minha mãe, como ela teria ficado sem mim? E eu a vi e a ouvi:  Filha malvada, egoísta que só pensou em si. Tudo fiz para ajudar. Paguei os melhores psiquiatras, comprei remédios caros. Procurei ajudar o quanto podia. E qual foi a resposta que me deu? Matou-se. Agora nada mais poderei fazer, pois quem está em depressão sou eu. Só que com ajuda de Deus eu não vou praticar o ato que você praticou. Lavo minhas mãos, pois não posso ajudá-la.  
         Hoje eu estou bem melhor, pois ao me sentir só e vendo que minha mãe teria ajuda de Deus, procurei também buscar Deus para mim.
         Apresentou-se a mim uma pessoa bondosa, que carinhosamente me pegou em frangalhos e me levou para um lugar onde pude ser lavada, tratada, alimentada e onde fui morar por uns tempos. Muitas pessoas como eu lá estavam: uns em recuperação, outros tresloucados que mal sabiam o que havia acontecido, mas todos sem exceção eram suicídas como eu.
         De tempos em tempos tínhamos a obrigação de levarmos alimentos e agasalhos para eles. E quando um ou outro se recuperava, nós também nos melhorávamos.
        Tivemos uma ocasião em que numa reunião espiritual pudemos expor nossas situações de encarnados (na encarnação anterior) e vimos que era uma prova que tínhamos que passar, pois fomos suicidas em outras vidas, mas sucumbimos.
        Vamos fazer um curso aperfeiçoamento moral em que vamos ser instruídos para uma nova encarnação, com provas mais severas. Mas temos certeza que Deus não vai nos desamparar.
         Queremos com essa carta dizer a vocês: Valorizem  a encarnação, por pior que ela seja. As provas passam, e são levadas como folhas ao vento. Somem e nem percebemos. Quando vier a tentação não devemos vacilar em pedir ajuda aquela pessoa ao nosso lado. O orgulho é benéfico, mas tenhamos a humildade de dizer ao outro: Estou sofrendo me ajude!
  
         Cris.   Um espirito suicida aos 19 anos.   
                                                                   
 Psicografia recebida dezembro 2015.                                     
 Médium: Catarina.

domingo, 17 de janeiro de 2016

MINHA FILHINHA

Aquele dia recebi a noticia mais feliz da minha vida, abri o envelope com o resultado do meu teste de gravidez e o resultado era finalmente positivo, depois de muitas tentativas frustradas finalmente meu sonho seria realizado, um filho, teria um bebê por quanto tempo eu e meu marido esperamos por isso.
Corri no escritório do meu marido para dar-lhe a noticia pessoalmente, e me lembro da felicidade que ele sentiu, estávamos em êxtase, reunimos mais tarde a família para a tão esperada noticia.
A felicidade tomou conta das nossas vidas e começamos a nos preparar para o maior acontecimento, a chegada do nosso bebê. Consulta mensal ao médico, como toda gestante faz, tudo seguia bem, tudo era felicidade sem fim.
Os preparativos para a chegada da nossa menina, tudo foi comprado para a montagem do quartinho da nossa filha. O enxoval feito com o maior amor, quantas roupinhas lindas eu comprei, e a cada compra ficava imaginando a minha pequena vestidinha com elas. O quartinho todo decorado, lindo, tudo de melhor e mais lindo foi comprado.
Preparei-me durante todos aqueles meses, eu estava muito bem de saúde, com isso conseguia tranquilamente resolver tudo.
Enfim chegou o oitavo mês, e eu já estava com tudo pronto, afinal minha linda menina já estava perto de chegar. As roupinhas separadas, tudo em ordem. O dia do parto foi marcado, logo cedo fui para a maternidade louca de alegria e ansiedade, passados algum dia eu levaria minha menininha pra nossa casa para começarmos nova vida que com certeza seria repleta de alegrias.
Fui para o centro cirúrgico, confiante e feliz. Durante meu parto houve uma complicação e entrei em parada cardíaca, hoje sei disso, tentaram me reanimar, mas não resisti. Minha filhinha nasceu linda e saudável, mas eu não resisti, morri no parto.
Quando acordei no plano espiritual não conseguia entender, não queria entender, o que sofri não consigo descrever, que dor meu Deus!  Tudo o que eu mais sonhara na vida acabou, nunca pude ver o rostinho da filhinha tão esperada, nunca a peguei em meus braços, nunca lhe amamentei.
A dor imensa tomou conta de mim e eu briguei com Deus, porque Ele fez isso comigo? Passei muito tempo em sofrimento extremo sem me dar chance de receber auxilio.
Hoje passados muitos anos, minha pequena já é uma moça, e que moça linda, meu marido casou-se novamente e teve mais dois filhos, a nova mulher dele criou a minha menina com muito carinho, ela teve uma mãe amorosa e hoje agradeço a ela por ter cuidado da minha filha com tanto amor.  Minha menina a chama de mãe e eu agradeço a Deus por ela ter tido uma mãe boa e carinhosa. 
Não posso dizer que foi sempre assim, no começo sofri muito em ver que alguém tomou o meu lugar, rejeitava aceitar o amor que minha filha sentia por ela, ve-lá chamando de mamãe, enquanto eu sua verdadeira mãe nunca pude ouvir isso. Como fui egoísta! Deus é infinitamente bom, minha filha tem hoje uma mãe maravilhosa. Que Deus auxilie essa mulher a qual sou extremamente agradecida, ela não faz a menor distinção entre os filhos que ela gerou e a minha filha.
Obrigada minha irmã por tudo, pelo carinho que dedica a minha filha.
Feliz de quem parte e sabe que o maior amor que teve no mundo está sendo amada e cuidada.
A você minha irmã querida, minha eterna gratidão.

Sandra Regina.  
                                              
Psicografia recebida em dezembro de 2015.                                     

            Médium: Débora.

domingo, 10 de janeiro de 2016

NÃO VOLTAREI A TERRA

Queria hoje escrever uma bela história, mas infelizmente não tenho nada de belo a relatar de minha vida, de minha existência.
Desde pequenino a dor me acompanhou, sofri fome, frio, humilhação e toda sorte de sofrimento.
Não tive a chance de ter amor de pai, mãe e nem de ninguém.
Ganhei as ruas ainda pequeno e lá continuei o meu martírio de surras, fome, frio... Enveredei pelo caminho da revolta e de sofrimento, passei a roubar, ser avião de traficante e daí para o primeiro assassinato foi um pulo.
Tirar a vida de um outro moleque de rua como eu foi como matar um cachorro de rua, senti prazer e isso me inebriou, entranhou em minha alma e daí tornei-me um assassino; com 18 anos já havia eliminado algumas pessoas, não precisava motivo forte, o prazer em tirar vidas me fazia feliz.
Tolo que fui, tornei-me um monstro, com desculpa de ter tido uma infância infeliz, tentei levar a infelicidade a outros.
Fazia parte de uma quadrilha e assim junto com outros indivíduos como eu organizamos um grupo de extermínio, e por dinheiro, favores ou até mesmo pelo sentimento de “justiça” eliminamos inúmeras pessoas, usando por vezes de práticas de extrema crueldade.
Um dia esse mesmo grupo voltou-se contra mim e fui eliminado e desovado em uma vala.
Cena dantesca foi o momento em que verdadeiros “vampiros” sugavam-me e me extirpavam. Ah, que sofrimento. Anos e anos sofri, sofri muito, mais que todos as dores de minha infância multiplicada por mil.
Hoje fui socorrido e estou em tratamento, estou em condições precária e principalmente prisioneiro e presidiário de minha consciência.
Peço perdão a todos que levei o mal e rogo a Deus a oportunidade de reparar esses erros, mas não sei como, pois tenho muito medo de tudo que terei que encarar, isso se alguém quiser receber-me como filho ou se conseguirei voltar aqui nesta Terra que não soube aproveitar.    

Zé Luiz.

 Psicografia recebida em dezembro de 2015.                                     
             Médium: Luciano C.

sábado, 2 de janeiro de 2016

NATAL COM SIMPLICIDADE

Eu tive várias reencarnações, sempre nasci em família desprovida de tudo, moradia, emprego e na total miséria, mas sempre eu me sentia feliz. Esse sentimento de felicidade foi entrando no meu coração à medida que os meus anjos iam falando comigo, de forma tal, que eu ia lembrando de mim criança correndo nas vielas, os meus pés descalços na lama, água suja e eu ali feliz.  
Meus pais sempre muito honestos e trabalhadores, minha mãe faxineira, meu pai biscateiro e muitos irmãos, todos pequenos ainda. E foi passando um filme, é um filme mesmo, essa era a sensação que eu tinha.
Quando chegava o natal, essa época era de muito sofrimento para os meus pais, para nós não, eu e meus irmãos, o natal era a pura esperança. Escrevíamos cartas, colocávamos meias nas portas e os nossos corações cheios de esperanças e expectativas.
Minha mãe quase enlouquecia na procura de mais faxinas que pudesse nós dar um brinquedo somente e realizar um sonho de seus filhos. Meu pai nem dormia, fazia “bico” durante o dia e a noite era garçom, isso era todo ano. Nossa casa era a referência de todo o morro, minha mãe fazia questão de deixar a porta aberta para que todos aqueles que quisessem cear conosco seriam bem vindos. E a criançada sabia que tinha comida boa e um brinquedinho novo.
Como eu era feliz, o meu coração era leve, não era bonita, não tinha cabelos bem cuidados, nem perfumes importados, mas nós éramos felizes com tão pouco e fazíamos tanta gente feliz.
Mas infelizmente não foi sempre assim e você que está lendo está psicografia não vai entender nada porque eu na minha ultima reencarnação tirei minha vida  num dia de natal. Eu uma mulher rica, realizada profissionalmente, uma família linda, uma casa enorme com esgoto encanado, luz, computador, mas nada me fazia ser feliz, tudo era muito estranho, como que o mundo que eu vivia não me pertencia. No natal sempre fazia trabalhos voluntários, distribuía presentes nas comunidades, isso sim, me fazia feliz.
Quando voltava para o meu mundo, era uma tristeza que não mais agüentava, tomava remédios para dormir, tomava para acordar, eu não queria viver assim.
Eu queria ser feliz por completo, de corpo e alma e isso não acontecia e quando chegou o mês de dezembro, não suportei tanta diferença de classe social e a felicidade daqueles que não tinham nada era tão linda e profunda que eu enlouqueci e foi o meu fim.
Hoje com todo o esclarecimento que tenho aqui, vejo que eu fui feliz com pouco e não estava preparada para viver uma vida com tantas facilidades.
Hoje eu comemoro o natal com simplicidade e me sinto muito feliz, mas tenho muito para aprender e estudar.
Vou ser feliz neste dia em que comemoramos o nascimento de Jesus.         
    
Lindalva da Cruz.     

 Psicografia recebida em dezembro de 2015.

             Médium: M. Nicodemos.