segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

LOUVOR DE NATAL

 

LOUVOR DE NATAL 



          Senhor Jesus! 
          Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas. 
        Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vitimas indefesas.
         Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade. 
          Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre. 
        Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar. 
          Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade. 
      Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os voos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada. 
      No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública! 
      A Historia, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopeia chama-se “o cego Bartimeu”, “o mancebo rico”, “a mulher cananéia”, “o gago de Decápolis”, “ a sogra de Pedro”, “Lázaro, o irmão de Marta e Maria”...
      Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, como benção de todos. 
      É por isso que, emocionados, recordando- te a manjedoura, repetimos em prece: 
      − Salve, Cristo! Os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!... 

    Emmanuel. 

    Médium: Francisco Cândido Xavier.
    Livro: Religião dos Espíritos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

LEMBRANÇAS DO NATAL

 

LEMBRANÇAS  DO  NATAL


Mesa farta, criança correndo em volta da casa, quintal iluminado, cheiro de comida especial, música, conversas paralelas, contos e piadas e risadas gostosas de ouvir. Família reunida!
Eu vivi momentos assim quando encarnado, minha família se reunia sempre com muita alegria e presentes tinham poucos, mas as comidas eram coisas deliciosas feitas com muito capricho. Relembrando agora consigo sentir o cheiro, e acho que sou capaz de até lembrar do gosto da comida.
São lembranças boas e é tão bom saber que vivi tantos natais com a minha família. Quando chegava a hora de fazermos uma oração e agradecermos ao aniversariante as bênçãos do alimento, da saúde e principalmente da vida, formávamos um só coral de muito obrigado e era possível sentir a fé, a gratidão, renovar as esperanças e colocar nos braços de Jesus nossos pedidos de um novo ano de paz e realizações.
Sempre era o meu pai que fazia a prece e ele sempre se emocionava e minha mãe terminava como uma linda e abnegada anfitriã. Lembranças agradáveis e o silêncio, que nós os adolescente e crianças, éramos abrigados a fazer, era o momento mais difícil, sempre um fazia uma piada para levar um chamado. Como todas essas lembranças são lindas e agradáveis. Eu estou muito agradecido a Deus e a Seu filho por me ter permitido tais lembranças.
Sou um jovem rapaz que desencarnou devido uma grave doença, muito jovem mesmo, aos 18 anos de idade. Não aceitei fácil, pois gostava de viver, era feliz e sonhador. Meus pais me amavam e era um amor encantador e leal, sempre fui muito bem educado e tinha já os meus valores morais e religiosos. Não era espírita, cheguei na espiritualidade completamente leigo e precisei de muita ajuda e fui muito ajudado. Eu tive meus momentos de pouca fé e rebeldia, mas como já trazia conhecimento evangélico, foi mais tranqüilo minha recuperação.
Sinto muita falta dos meus familiares e principalmente de meus pais, e nesta época sei que é muito difícil para eles, sinto suas vibrações de dor e ouço suas preces com choro de saudades. Gostaria tanto de poder vê-los e abraça-los, deixar o meu cheiro no ombro de cada um.
Natal é uma festa familiar, se possível tragam suas famílias para perto de vocês, e em uma só voz façam uma oração simples com a que Jesus nos ensinou e agradeça a vida, saúde e fortaleça a fé. Que venha um ano de paz, de amor e solidariedade onde um vai olhar para o outro e reconhecer um irmão.
Deixo aqui um pouquinho da importância do Natal, pois foi esta lembrança que me fez renovar e acreditar que é possível viver na espiritualidade acreditando num próximo encontro com os meus, que tanto amo e sou amado.
Um feliz Natal a todos e um próspero ano novo.
Muita Paz!    
Um jovem amigo!

Luciano.        

 Psicografia republicação 2020.
             Médium: M. Nicodemos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

UM GESTO DE AMOR ME AMPAROU NA MORTE

                                  UM GESTO DE AMOR ME AMPAROU NA MORTE


            Enquanto permaneci sobre esta Terra não passei de um fardo pesado para meus familiares.                      
           Desde a adolescência rebelde, afeiçoei-me às sensações mundanas e aos prazeres fúteis da juventude.
            Logo engravidei de meu primeiro filho, mas nem por isso, emendei-me como dizia minha vozinha que me criara.
Abandonei as responsabilidades maternas a outrem, tal qual haviam feito comigo. O pai da criança nem mesmo dignou-se a conhecê-la, descrendo de sua paternidade diante de meu comportamento notoriamente promíscuo. 
Cedo conheci o mundo das drogas e na ânsia de sustentar o vício odiento, entreguei-me também a pequenos furtos e roubos na comunidade em que vivia. Afundei até onde um ser humano poderia fazê-lo, inibindo em mim mesma os sentimentos mais elevados, os quais se agasalhados em meu peito indócil, teriam-me poupado muitas desventuras e angústias. Outros filhos vieram ao mundo em decorrência de minha prostituição à qual lancei mão para o sustento do vício que me consumia visivelmente. Deixei-os, assim como o primeiro, em desamparo e, na falta de cuidados materiais, logo foram parar em abrigos de assistência social.
Minha pobre vozinha partiu antes de mim, talvez por tristeza causada por minhas atitudes e conduta desregrada.
Quando fui parar na cadeia, a primeira vez, já não tinha um lar a minha espera e pouco me importava com minha própria sorte. Conheci lá dentro religiosos que, sobriamente vestidos e bem calçados, vinham, de tempos em tempos, “pregar” o livro Santo na tentativa de resgatar nossas almas por meio da confissão e do arrependimento dos pecados.
Entre idas e vindas do cadeião conheci uma pobre mulher que, como eu, escolhera os caminhos errados. Presa, ainda grávida, veio a dar à luz a pobre e desamparada criança com insuficiência respiratória em noite de forte tempestade. Desenganada pela enfermeira plantonista foi deixada à própria sorte juntamente com sua genitora por horas a fio à espera do socorro que por razão do mau tempo tardou a aparecer.
Tocada pela cena derradeira e presa de forte sentimento que não sei explicar, velei noite a dentro mãe e filha, mantendo essa aquecida em meus braços até seu último suspiro.
Anos mais tarde, ao desencarnar, esquecida em uma cama imunda de pensão, que durante as noites transformava-se em bordel, pensei que estavam a me procurar criaturas horripilantes e  degradadas por sensações as mais vis. Encontrava-me em escuro corredor tentando fugir dos olhos tenebrosos que me espreitavam na sombra quando, de uma pequena faixa luminosa, surgiu um jovem olhar doce e amável. Estendeu-me a mão sem questionar meu passado ou minhas culpas. Apenas entrelaçou aos meus os seus suaves dedos e conduziu-me para fora daquele pesadelo horrível.
Era a criança que eu, anos atrás, acalentava junto ao meu seio, talvez o único gesto sincero de amor que tenha realizado em minha tormentosa existência. Apenas ele lá estava para me conduzir à saída, apenas este gesto bastou para que eu merecesse a misericórdia e hoje aqui estou, de passagem, para deixar com esta história a lição de que mesmo o mais acanhado gesto de amor pode determinar o futuro de cada qual.
Assim me despeço, já em prantos, aguardando nova chance nestas terras. 

Aline.
                                                         
Psicografia republicação 2020.                                      

             Médium:  A Paula.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

PARTI TÃO JOVEM AINDA

 

PARTI  TÃO JOVEM AINDA


          Certamente alguém diria: Quê? Eu, linda, maravilhosa, tão altiva, tão cheia de si, acabei dessa maneira? Claro que não dá para acreditar.
          Sou eu essa a quem alguém se lembrou de pedir para que eu desse testemunho da vida além da morte. Mas nem eu mesma acreditava. O que me aconteceu, eu nem mesmo sei explicar.
         Uma dor de cabeça intensa me levou a me consultar, e eu comecei também a confundir as coisas. Eu sabia que não estava bem. Os médicos detectaram um tumor maligno no meu cérebro.
         E eu tive que me submeter a uma operação. A primeira coisa que fizeram foi raspar minha cabeça. E aí começou.  As quimioterapias e os medicamentos fortes me arrasaram e eu, linda que era, me tornei cadavérica. 
         Não queria ver ninguém e sabia que meu fim estava próximo e realmente morri.
         Mas qual o quê?!  Morri, mas estava viva, muito viva  e revoltada. Como podia isso ter acontecido?
        Quanto mais me revoltava, mais sofria... Mas um dia (oh, dia feliz!), veio um anjo da felicidade, minha madrinha e me socorreu. Fui, com ela, levada para uma casa de repouso e tratamento. Eu ainda me acho em recuperação e aqui fui trazida por ela.
        Posso dizer a vocês que estou curada do câncer sim, mas ainda tenho de me curar da revolta por ter sido colhida tão jovem ainda de minha vida.
        Procuro entender e, devagar, vou aprendendo algo da vida espiritual e ainda vou saber o porquê das coisas.
         Recebam meu muito obrigada por me darem essa oportunidade.     

         Clarisse. 

Psicografia Republicação 2020.                            

            Médium: Catarina.