TÃO JOVEM AINDA
Eu aceito, eu aceito, pois é a vontade de Deus e tenho que aceitar infelizmente.
Eu gostaria muito de ter sabedoria suficiente para melhor compreender a vontade de Deus. No momento me sentia traída e com raiva, não queria estar aqui, sem minha família, sem meus filhos, o meu trabalho que lutei e estudei tanto para conseguir. Por que tão cedo?
Eu me sentia tão jovem ainda e tinha tudo no controle e ia tudo bem, uma vida saudável, tranqüila e com plena capacidade de trabalho e pronta para novos desafios e tudo acaba assim num belo dia, não aceito e acho que não quero aceitar, é pura verdade.
Eu tinha uma rotina, acordava, tomava banho, colocava o café na mesa, acordava os meus filhos e depois íamos para o trabalho, outro para a escola e o outro para creche, e tudo corria bem como todos os dias. E de repente me sinto mal, uma dor na cabeça e sou levada de ambulância para uma unidade de emergência em estado crítico. Eu pensando como estou assim tão grave, eu tenho uma saúde excelente, o que está acontecendo comigo?
Fiquei por um bom tempo ouvindo os comentários, a lamentação do meu esposo, o choro de minha mãe e eu ali ouvindo não podendo dizer nada, quando de repente eu vi uma pessoa chegar dizendo: “chegou a hora, tenho que levar o corpo e preparar para o velório”, enlouqueci e comecei a gritar, implorar por socorro e fiquei desesperada. Como eu morri? Será que vou ver meu corpo sendo comido pelos bichos e vê-lo no caixão com aquelas flores que cheiram morte?
Eu não podia crê que Deus faria isso comigo, eu que sempre fui correta e trabalhadora, cuidadora do meu lar... Comecei a fazer uma avaliação completa de minha vida e pude ver como eu era prática, não ensinei meus filhos a serem religiosos, a procurar Deus para agradecer o dia, a comida e o lar. Não trazia esses valores e num momento de morte e dor eu lembrei que precisava de uma ajuda que não era material e sim espiritual, uma ajuda de fé, e comecei a ficar pequena, pequenininha que quase sumi. Como eu posso pedir ajuda a um Deus que eu não fiz questão de conhecer? Será que Ele sabe quem eu sou?
Muitas dúvidas eu criei e foi aí que veio um anjo, que não é um anjo, me ajudou nos primeiros momentos e depois veio o esclarecimento, depois veio a necessidade do estudo para compreender melhor e agora estou aqui certa que Deus não esquece de um filho seu, mesmo que esse filho não faz questão de conhece-lo. Agora eu aceito o meu desencarne com calma e procuro orientação sempre que em encontro com dor e saudades dos meus.
Eu aprendi e quero levar pra todo sempre que precisamos sim de Deus e seus valores.
Um grande e caloroso abraço.
Maria Conceição Ribeiro.
Republicação.