sábado, 27 de maio de 2017


SOU  CARLINHOS  MODIFICADO

          Ei gente! Aqui tô lindo e maravilhoso. Sou eu mesmo o Carlinhos que está falando. Vivo bem, aliás, sempre vivi do jeito que eu quis, mas morri do jeito que não quis.
          A mamona é braba, eu sei disso, deixa a gente doidão, e eu fiquei doidão mesmo, quase nem senti aquele tiro.
          Veio de uma forma que eu custei a acreditar que eu tinha sido marcado. Bem marcado eu já tava.
          Minha cabeça do lado direito doeu muito e até sangrou muito. Tudo ficou muito esquisito.
          Cuida de mim! Eu gritei! Mas ninguém me ouviu. Fiquei deitado sozinho e todo mundo fugiu.
          Deram falta de mim, ou sei que alguém me viu. Eu ainda estava vivo, mas eu não sentia porque via meu corpo estirado.  Me levaram para um lugar esquisito, lá eu fiquei sozinho, desamparado.
          Vi que alguma pessoa se aproximava. Calcou minhas mãos e meus pés. Olhou meus olhos e falou: está morto!
          Mas eu estava vivo. Como sofri, porque apesar de estar naquele estado horrível abriram minha cabeça e retiram a bala, para examinar eu acho.
          Levaram-me embora e eu dormi, acho que anestesiado.
          Fui parar em um lugar muito bom, mas que eu não gostava. Muito quieto, eu gosto mesmo é de bagunça. A erva me fazia falta, mas ninguém lá usava. Eu tremia, mas ninguém se importou. Deram-me caldos e remédios, cuidaram da ferida e eu fiquei lá bastante tempo.
          Depois fui levado a um outro lugar, bem sossegado também (e eu não gostava disso), mas aceitei como não havia de não aceitar se eu não mais decidia nada por mim, os outros é que decidiam. Fiquei e estou lá até hoje.
          Agora fui convidado a comparecer aqui, porque querem saber de mim.
          Ora, eu ainda estou em recuperação, mais calmo, mas ainda continuo muito desassossegado, e sempre querendo alguma coisa que não está a meu alcance. Volto para dentro de mim e sinto um vazio danado... Onde estão todos os conhecidos, onde está quem sempre cobrava de mim algo que eu não podia dar? Hoje se eles viessem eu acho que eu poderia compreender ao menos um pouquinho e fazer o que eles queriam de mim.
            Já não sou o mesmo. Sou Carlinhos modificado.

           Carlos Alberto Pacheco
            Eu ainda tremo por falta da droga, alguém escreve esta carta por mim.
            Carlinhos.
             
                    
          Psicografia recebida em 2017.                                  

          Médium: Catarina.

sexta-feira, 19 de maio de 2017


MONSENHOR ARREPENDIDO

Quanto arrependimento carrego, pudera voltar no tempo e eu faria tudo diferente.
Fui educado em escola de padres, era interno nessa escola, fui mandado para lá porque era costume das famílias católicas àquela época ter um filho padre. Eu fui escolhido, não sei porque, nunca perguntaram se era o que eu queria, meus outros dois irmãos estudaram na mesma escola, mas após cumprirem o tempo estabelecido eles voltaram pra casa e a cada um foi dado o direito de escolher que quisessem em suas vidas. E eu? Eu não, nunca pude ser quem eu verdadeiramente era. Sai da escola direto para o seminário e logo estava sendo ordenado Padre.
Meu Deus porque fizeram isso comigo, nunca tive vocação para essa missão que penso deva ser sagrada, mas aquilo nunca foi para mim.
Desde muito pequeno eu me sentia diferente, não gostava das brincadeiras com meus irmãos, preferia sempre a companhia das meninas. E era sempre repreendido por isso.
Sentia que eu não era um menino, sim eu era menino, mas só o meu corpo, minha alma era de uma menina, sentia-me estar em um corpo errado.
Como sentia inveja em ver minhas irmãs com aqueles vestidos rodados, com fitas no cabelo. Ficava observando a penteadeira da minha mãe, aqueles perfumes me fascinavam, o rouge, o baton, o pó de arroz...     
Talvez meus pais percebendo desde cedo essa minha tendência tenham me escolhido e por isso mandaram-me para aquele seminário. Quem sabe eu ali naquele meio não conseguiria virar e me sentir o rapazinho que todos esperavam que eu fosse, eu também tinha esperanças, mas não foi o que aconteceu. Lá o ambiente que deveria ser saudável estava longe disso, quando os seminaristas tinham uma folga ou quando os padres se distraiam eles se aproveitavam para rir e debochar de mim. Sofri muito naquele lugar e depois de tanto sofrer resolvi que eu mesmo com a alma feminina que a habitava meu corpo viraria homem. E assim fiz.
A partir daí, revoltado com uma vida que nunca foi minha, mudei e daquele que um dia ingressara no seminário tímido e cheio de medo não mais existia.
Assim que fui ordenado padre e designado a uma paróquia longínqua comecei a me vingar. Em vez de ser um servidor do Cristo, eu era uma cobra que usava das confissões dos fieis em benefícios próprios.
Passei por vários lugares, sempre carregando a maldade no coração. Fui subindo e até que um dia era o responsável por um enorme mosteiro, e foi ali naquele lugar que mais usei minha perversidade e maldade, fiz coisas que envergonhariam até o mais despudorado dos seres, o mais maléfico.Quanta maldade pratiquei!
Hoje a tantos séculos desse passado ainda trago a dor do arrependimento e do remorso. Sinto tanta vergonha de mim mesmo, preciso recuperar o que fiz de mal, preciso de ajuda, eu que morei tanto tempo dentro da casa de Deus nunca consegui ser o filho que Ele esperava que eu fosse.

Um Monsenhor arrependido.        
             
Psicografia recebida 2017.

             Médium:Débora S C.

sábado, 13 de maio de 2017

MÃE  NA TERRA  E NO CÉU

          Essa sensação de paz, de harmonia eu a busquei por toda a minha vida. Tive uma existência atribulada pelos problemas físicos e mentais que me perseguiam. Fui jovem, mas não gozei das alegrias da mocidade. Fui adulto, mas não tive a felicidade de ter um lar só meu.
          Nasci paraplégico, não sei por que razão. Cresci sem saber direito por quais caminhos percorri. Médicos, médicos e médicos. Tive uma mãe maravilhosa, presente e carinhosa, mas um pai que só sabia me reprimir, odiar e pôr em minha mãe a responsabilidade de eu ser assim.
          Tive outros irmãos e que devo agradecer. Eles vieram depois de mim e achavam comum eu ser assim.
          Não pude estudar devido as minhas condições. Minha mãe sempre cantava para mim, mas eu não tinha capacidade de interpretar o que ela cantava e nem mesmo sabia perceber a beleza de seu canto.
          Ela procurava me ajudar, mas a sociedade da época não tolerava pessoas como eu, e se chegava alguém ela me escondia.
          Eu dormia em um quartinho de fundos e ela sempre estava atenta ao meu lado.
          Percebi a falta de meu pai e só depois soube que ele nos deixara por minha causa.
          Aconteceu uma coisa que eu não sei bem o que era.
          Fui para um lugar que hoje acredito ser um hospital. De lá fui levado para um lugar muito bom, onde eu sentia que estava no ar.
          Não sentia dores no corpo, principalmente nas pernas que tanto me atormentaram durante toda a minha vida.
          Não demorou muito eu vi a meu lado minha mãe a cantarolar.
          Mas eu percebia o som de sua musica e esse som vibrava em mim e me animava.
       Tive vontade de levantar, de andar e minha mãe me deu as mãos, me sustentou e me levantou: e eu andei...
           A partir daí, nós, eu e minha mãe estamos sempre juntos. Moramos em lugar muito simples, mas lindo e acolhedor. Eu aprendo com ela as letras de suas músicas escrevendo-as. Eu que nem sequer sabia soletrar...
          Aqui é muito bom. Estou me preparando para entrar em um Educandário que recebe pessoas como eu, que resgataram parte do seu passado com uma existência complicada como a minha. Com doenças do corpo e do espírito, mas que com essa encarnação parados em uma cadeira de rodas ou em uma cama evoluíram seu espírito.
          Agradeço à Deus por tudo isso, agradeço aqueles que foram meus familiares e até mesmo a meu pai que me rejeitou, mas foi responsável pelo meu corpo físico, colaborando com minha existência no plano físico.
          Quero também expressar minha gratidão e esse grupo que se reúne para nos dar a oportunidade de nos expressarmos através da escrita.

         Obrigado.
         Toninho.    
                     
          Psicografia recebida em 2017.                                   
          Médium: Catarina.

sábado, 6 de maio de 2017


SEREI UM GRANDE PASTOR

Meus amigos como é bom estar aqui na espiritualidade, com toda essa luz  e acompanhado de tantos amigos dispostos a me auxiliar no entendimento da escritura sagrada. Sou um homem que fui criado e vivi minha vida toda na educação evangélica, e hoje vejo o porquê de tanto tempo na escuridão.
Como pude fazer tantas coisas erradas por não saber compreender os ensinamentos de Jesus, a Sua bondade, Seu viver era de um esplendor encantador. Como não fui sábio o suficiente para entender a escritura, a bíblia com o cuidado que Jesus usou para deixar para todos nós o Seu ensinamento do perdão, da caridade e do recomeço de seguir sem muito para carregar, sem se preocupar em templos para orar. Qualquer lugar se pode orar à Deus.
Fui tolo, cruel com os meus fiéis, mas eu..., não, não posso culpar os meus pais, eu poderia ter questionado e lutado mais para mudar a visão deles. O evangelho é tão claro e simples, questionamos muito e colocamos muitos empecilhos e dificuldades, mas quando vejo que Jesus não precisava de nada, me sinto envergonhado.
 Fiquei muito tempo na escuridão do esquecimento, pois o egoísmo e o orgulho me fizeram ficar por muitos e muitos anos na ignorância e hoje vejo que poderia ter sido tão diferente e simples. Mas os meus amigos espirituais me disseram que muita coisa já mudou e que a luz do esclarecimento e a união de religiões tem sido de grande valia para esclarecer e apagar o preconceito e as crendices.   
Dou graças à Deus que tudo tenha melhorado, pois não quero carregar comigo sentimentos de culpa e angustias dos meus fiéis. Fui cobrado e perseguido por muitos, pois eles acreditavam em mim e confiavam em meus sermões, e fui totalmente culpado pela ignorância de todos que aqui chegaram.
Fui um homem responsável pela evangelização de uma comunidade, e fui severamente cobrado, tinha em minhas mãos o dever de esclarecer, caminhar, facilitar e aproximar os meus irmãos à Deus e eu o que fiz? Infelizmente não fui caridoso, eu simplesmente cobrava e colocava os meus fiéis em dificuldades e perdi grande chance de levar a palavra até eles.
Eu agradeço ao Pai por ter me dado outra chance, vou estudar, vou vivenciar o evangelho, sentir e ter o discernimento para com os meus.
Não sei quando vou regressar, mas serei um grande pastor e vou atrás de minhas ovelhas com amor, caridade e perdão.
Fiquem todos com Jesus. Amém.

Luiz Francisco Tedesco.  
  
 Psicografia recebida em 2017.

             Médium: M. Nicodemos.