sexta-feira, 27 de novembro de 2020

JOVEM RAPAZ DE 23 ANOS

                                                  JOVEM  RAPAZ  DE  23 ANOS



Quanto sofrimento, muita dor, muita solidão e desespero. Minha fé? Não me lembrava dela e nem que existia um Deus.
 Infelizmente a doença quando vem e nos deixa impossibilitado de viver a vida que tanto desejamos e nos deixa a beira da loucura, do desespero, os questionamentos são muitos e não tem respostas, bem não tinha!
Hoje desencarnado muito me foi esclarecido, mas ainda continuo em tratamento e cada dia com explicações e estudo consigo entender um pouco o porquê de tudo isso que eu vivi.
Sou um jovem rapaz de 23 anos, estudante universitário, estagiário em uma grande empresa onde eu pensava em conquistar o meu primeiro emprego e assim ser um grande profissional, atleta, adorava esporte, opa! Adoro ainda, não deixei de gostar das minhas opções como esporte, profissão, cor, etc... Isso também me deixou inquieto e pensativo, como? Eu ainda gosto das mesmas coisas, mas não pertenço mais a vida corpórea? Eu achava que seria uma outra pessoa, mas não sou o mesmo com as mesmas manias e etc...
Um dia pela manhã fiz o meu lanche matinal como de costume e fui para o meu banho, quando me ocorreu um sangramento nasal, fiquei tranqüilo, mas um pouco preocupado, não era comum e eu sempre cuidei muito da minha saúde.       
Olha tinha muito medo de adoecer e sofrer em uma cama com pessoas em minha volta chorando, escondendo a verdadeira situação e enfim, a doença era o meu temor e fiquei o dia todo com aquela preocupação e resolvi ir ao médico, por sinal um excelente profissional, que não fez vista grossa e sim foi fundo saber o porquê do sangramento, graças a Deus ele encontrou e já me encaminhou para uma especialista que já me indicou um tratamento radical a base de quimioterapia e radioterapia, enfim vocês já sabem qual doença eu vivi e lutei até o fim.
É infelizmente o câncer me venceu, mas em nenhum momento eu achei que ia me vencer, acho que isso foi o que Deus gostou em mim e não deixou que eu ficasse muito doente a ponto de ter pessoas me limpando e chorando em meu leito, eu desencarnei sim, mas me achando um vencedor.
Não lembrei de rezar, fazer preces, orar e nem promessas, eu queria vencer aquele momento ruim em que eu estava vivendo e não pensava em morte e lamentos e sim viver. Tinha fé, mas não orava porque não queria parecer um fraco perante a Deus e ficar lamentando e mostrar que era capaz de vencer.
Eu lutei contra uma doença grave, mas ela não me venceu, ela simplesmente foi um instrumento, ou melhor, uma causa para me levar para o meu plano espiritual, era o meu momento, era o momento do meu fim, ou melhor, o meu recomeço na vida espiritual.
Sou feliz.

Glauco.

 Psicografia republicação 2020.

             Médium: M. Nicodemos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

UMA ESCRAVA FELIZ

 

UMA ESCRAVA FELIZ


        Todos os dias as 11:30 da manhã eu me encaminhava para a grande varanda daquela fazenda e tocava o sino, o sino que convidava a todos para o almoço.
         O prazer que eu sentia era muito grande, pois ao tocar aquele sino centenário não era só os patrões, os senhores que eram convidados para o almoço, os meus irmãos de cor também. Certo que eles não almoçavam juntos dentro da casa grande, mas naquela fazenda a comida que era servida aos senhores era a mesma servida aos escravos que ali nunca foram tratados como escravos.
        Os solteiros que viviam avulsos moravam na senzala, que mais parecia um grande alojamento com camas simples, mas todos tinham sua cama, ninguém dormia no chão, os que haviam constituído família moravam em casinhas individuais, ali todos eram tratados como gente com dignidade, embora não tivessem salário, mas não lhes faltava comida, bebida, roupa e o mais importante dignidade, coisa que para aquela época para os que nasciam com a pele negra era em maioria absoluta das vezes negada.
           Eu vivia ali, era muito feliz, mas não nasci naquela fazenda, fui vendida quando tinha 14 anos, sai de um verdadeiro inferno, pois que a fazenda que vivia o negro não tinha o menor direito, nem de comer.
           Me lembro bem de quando cheguei lá, senti muito medo, mas logo vi que aquela fazenda representava para meus irmãos de cor que lá moravam. Lá cresci, virei adulta, nunca me envolvi afetivamente com nenhum escravo, eu vivi para meus senhores, ajudei a criar aquelas lindas crianças e sempre fui muito amada por elas, eu era a Babá a Ba como eles me tratavam. Morri lá já bem velha e sempre recebendo o carinho daquela família.
          Tive uma vida muito feliz ali e penso porque não tinham o mesmo tratamento os negros em outras fazendas. Aquela família era constituída de espíritos bons, todos ali pensavam da mesma maneira.
          Essa foi a minha penúltima encarnação, e talvez a mais feliz de todas, tenho saudades daquele tempo. E quando ainda hoje, mais de um século do fim da escravidão, vejo pessoas sendo tratadas como verdadeiros escravos, pessoas sofrendo ameaças, outras sendo mortas por guerras religiosas, sinto meu coração doer. Quanto tempo já passou, e ainda se vê seres humanos com tanto ódio no coração, com tanta amargura.
           Eu creio em um mundo melhor para todos. Citei meu exemplo para mostrar que pessoas existem, em todas as épocas, que são verdadeiros anjos para o próximo.
           Não descreem da humanidade, mesmo em meio a tanta maldade podem acreditar anjos encarnados ainda existem. Tenham fé na humanidade, fé nos seres humanos. Fé em Deus.           

           Maria, uma escrava feliz.


          Psicografia republicação 2020.                      

          Médium:  Débora.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

MORTA E AGRADECIDA

                                                

                                                             MORTA  E  AGRADECIDA



Eu gostaria muito se meu nome estivesse na lista de vocês*. Meu pai jamais entraria numa casa espírita, é evangélico, não gosta nem de ouvir falar em espíritos. Eu sempre gostei de ler os romances espíritas escondido, é claro, quando todos já estavam dormindo.
 Sinto os seus sofrimentos, as suas angustias com a minha partida tão prematura, eu tinha apenas 22 anos, uma menina ainda sonhadora e não conhecia a maldade. Sempre fui muito protegida, parecia que os meus pais sabiam que poderia acontecer algo comigo, sempre estava acompanhada de um dos dois na escola, na faculdade e quando saia para fazer algum trabalho de escola lá estavam os dois, um me levava e o outro buscava. Chequei a ficar com muita raiva dos dois por tanta proteção assim.
Um dia teve uma festa na faculdade e meus pais não sei por que deixaram que eu fosse com minhas amigas, eu fiquei tão feliz com a possibilidade e sair sem a presença deles que logo fui ligando e confirmando a minha entrada para garantir o meu convite.
Neste dia me arrumei como nunca pensei em me arrumar, passei um baton bem claro, uma roupa bem bonita, mas discreta, pois meus pais evangélicos não deixariam sair com as roupas que minhas amigas usavam, mas fiquei muito bonita e estava muito feliz. Meus pais me deram um beijo com tanto carinho e com tanta incerteza que eu fiquei cismada com aquela cena, mas fui para festa.
Chequei na casa de uma amiga para irmos juntas e seu pai resolveu na ultima hora dar uma carona para nós e achamos ótimo, vamos chegar mais cedo e iremos aproveitar mais, pensávamos.
 Mas foi ai que tudo aconteceu, um rapaz veio em alta velocidade e colidiu com o nosso carro, não me lembro muito bem só sei que houve um estouro e quando eu cheguei aqui deste lado é que pude perceber o que realmente havia acontecido.
Hoje eu queria muito que meus pais soubessem que eu estou bem e que eles não ficassem com tanta culpa no coração, eu tinha um tempo ai e cumpri com muita dignidade e por eles eu pude cumprir sem nenhum delito, pois eu tinha todo um passado muito complicado.
Estou muito feliz por eles terem me dado tanto amor e tanto carinho.

 Um abraço.
                       
 Não vou dizer meu nome, mas sou uma filha que partiu mas agradecida pela proteção carinhosa.

* Alista que se refere é de evocação de desencarnados.


 Psicografia republicação 2020.
 Médium: Nicodemos