segunda-feira, 20 de março de 2023

AUTISMO E PRECONCEITO

 AUTISMO E PRECONCEITO


       Tenho me sentido em situação muito desconfortável, e essa situação me leva a refletir em como as pessoas são injustas, ou preconceituosas, não sei bem o que pensar.
       Fui filha mais velha de um certo casal, nasci com um grau altíssimo de autismo, o meu mundo era muito restrito, quando encarnada não tinha a dimensão do que me ocorria, somente após meu regresso foi que tive a real consciência.
       Minha mãe enquanto eu era bebê, e o problema não era visível, me amava muito, vivia mostrando meu retratinho como se mostrasse um troféu, fui um bebê muito lindo, mas tão logo se mostraram visíveis a minha condição ela começou a me esconder, não saia comigo, só para o que era estritamente necessário.
       Em meio a isso tudo nasceu meu irmão, perfeito, inteligente, o dito normal, mais ainda fui deixada de lado.
       Quase ninguém que não era das relações mais estreitas da nossa família sequer sabiam da minha existência, a vida foi seguindo lenta e triste.
       Entrei na adolescência e comecei a dar mais trabalho, principalmente com a higiene já que eu não conseguia dar conta de me cuidar sozinha, tudo era motivo de muita vergonha para minha então jovem mãe.
       O tempo passou mais um pouquinho e entrei na fase adulta, com os problemas já sabidos não vivi muito e com vinte e nove anos retornei a pátria espiritual, eu regressei livre e livre deixei minha mãe de mim, ela sentiu em minha partida enorme alívio, não sei se sentiu a minha falta, penso mesmo que não.
       Nas muitas vezes que visitei o antigo lar não via nada que pudesse lembrar que eu por ali vivi por vinte nove anos, nem objetos, nem fotografias e nem lembranças, nunca era citada nas conversas, raramente percebia que o único que se lembrava de mim era meu pai, mas que tentava não dar vazão a tais lembranças, fui apagada daquele lar que agora era tão feliz sem minha incomoda presença, enfim eu sabia que a encarnação na qual meu espírito era cativo de um corpo doente agora liberto meu espírito desfrutava de enorme leveza e serenidade.
       Certo dia fui convidada a voltar ao antigo lar e ali me foi explicado o que está por vir, meu irmão será pai, casou-se com uma moça e em breve a gravidez irá acontecer, serei eu a filhinha deles, dessa vez uma criança linda e sadia, vou voltar ao antigo lar pelas portas da reencarnação, e vou ter por a avó a que foi minha mãe, aquela eu nunca conseguiu me amar, aquela que se envergonhava de mim, dessa vez serei a netinha dela, a menina linda filha do filho que ela ama, serei amada por ela, muito amada.
       O que me deixa muito pensativa é se ela antes não me aceitou por vergonha e me receberá por neta sem o transtorno que há incomodava tanto, como agora sendo eu mesmo espirito ela irá me aceitar?
       Será fácil aceitar a neta “perfeita”, bonitinha, difícil era a filha que fui.
       Não sei se estou preparada pra encontrá-la novamente, tudo aconteceu a tão pouco tempo, se ela vai me amar, eu preciso saber se vou conseguir amá-la.
       A grande obra de Deus nos presenteia com o esquecimento eu bem sei, mas receio que esse sentimento tão vivo em mim possa florescer e me fazer sentir repulsa por ela, sei que terei no antigo irmão um pai amoroso, na bondade da que me carregará em seu ventre um amor incondicional, no avô o carinho represado e que agora vai aflorar livre, meu maior medo é o reencontro com a agora avó.
       Não consigo entender que tipo de pessoa é essa que não conseguiu me amar antes...
       Tenho pedido a Jesus que me ampare na nova jornada que está por vir e que eu consiga sair vitoriosa.
       Jesus peço-te o amparo, pois em breves dias estarei mergulhando na carne novamente, ajuda-me meu amigo a superar a dor de antes em troca do futuro amor de quem estará comigo


      Lucia.

      Psicografia recebida em Reunião de Psicografia Março 2023 
      Médium: Débora S. C.