sexta-feira, 27 de julho de 2018



RELATOS DO SUICÍDIO


É doloroso para mim ter que relatar e lembrar de tudo que passei antes e após desencarnar. Doloroso, mas necessário. Precisava dessa comunicação que me foi permitido, pois as sequelas são grandes e o processo de refazimento é muito lento.
Quero gritar aos quatro cantos para que as pessoas não cometam atos insanos como eu cometi. É muito sofrimento, muito doloroso e de nada adianta.
Na verdade, tudo começa com uma grande perturbação em nossa cabeça. Parece que uma voz vem até nosso ouvido dizer o que temos que fazer para amenizar as nossas dores, é uma voz do mal que não devemos escutar, mas ela toma conta de nós e passamos a dar crédito a tudo que ela nos fala. Claro que é tudo fruto da nossa mente perturbada e, ao darmos crédito, cometemos, muitas vezes, atos insanos.
Sei que fui um fraco. Acho que passei a minha vida sendo um fraco. Não foi da noite para o dia. Nada é assim tão de repente, tudo é um processo.
Não damos crédito ao que sentimos, nos deixamos ser conduzidos e, quando percebemos, já é tarde demais. Não nasci para morrer assim dessa forma. Deus não me deu a vida para que eu a tirasse, assim, sem pensar. E aí temos que pagar por esses atos errados que cometemos.
Preciso dizer que é muito sofrimento. Fui recolhido, muito tempo depois, de um vale escuro e gelado. Acho que me jogaram ali para eu pensar. Pensar em tudo que fiz com a minha vida. Esses pensamentos geraram dor, muita dor.
A todo momento me senti vivo e arrependido. Qual a razão de tirar a minha vida se eu me sentia vivo? Agora sim, o sofrimento foi muito maior.
Pensava eu... Que fazer agora?  O que eu fiz com a minha família? O que eu fiz com os meus amigos queridos? O que eu fiz comigo?
Quantas lágrimas deixei. Quanto sofrimento deixei.
Não feri só a mim, mas a todos que me amavam. Será que foram muitos? Não sei, pois não tive mais a consciência de ver. Fui tolhido de tudo. De amor, de amparo, de notícias. De tudo mesmo, até chegar à verdadeira exaustão e ao verdadeiro arrependimento. Só assim fui recolhido e amparado.
Estou em tratamento, pois muitas feridas consegui provocar no meu corpo e no meu espírito. Meu espírito está triste. Sinto um grande vazio. Minha cabeça está oca.
Meu coração pulsa em ritmo acelerado. Quantas coisas sinto hoje que não sentia antes e não posso mais tirar minha vida novamente, porque ela se foi. 
Queria dizer à minha família que meu arrependimento é imenso e peço desculpas por tanto sofrimento causado. Ninguém tem culpa. A culpa é totalmente minha. Somos responsáveis pelos nossos atos.
Queria dizer a meus amigos do coração, a falta que me fazem. Não existe mais aquele papo gostoso e é muito dura essa separação.
Estou aqui a caminhar em passos lentos, mas vencerei.
Fé e força é o que estou pedindo agora e obterei.
Fiquem todos na paz.
Retornarei um dia com uma bela mensagem.
Abraços eternos.

Roberto.

Psicografia recebida em 2018.
Médium: Regina.

sexta-feira, 13 de julho de 2018


O  MENDIGO

          Triste história a minha. Vim a esse mundo para mendigar. Mendigar o pão, mendigar o olhar de alguém, mendigar abrigo.
          Mendigo que fui, mendigo que sou.
          Mendigo eu maldisse a Deus, ao mundo, às pessoas.
         Certa feita estava eu à porta de uma igreja mendigando. Aproximou-se de mim uma moça segurando as mãos de uma menina linda. A menina estendeu os braços para mim, ao que a mãe retrucou: “Filha vamos, é um mendigo, não precisa de nada... ele ganha tudo...”.
          Eu me assustei! Como ganha tudo? Não ganho nada! Não me dão moedas para me ajudar e sim para se verem livres de mim. Nunca vi ninguém me olhar com amor e respeito. Só aquela menina.
           Passou o tempo e eu envelheci. Fui levado para um albergue publico, e lá vi aqueles olhos daquela menina, agora moça. Era uma enfermeira daquele albergue.
           Ela se aproximou de mim e perguntou: O quê o senhor quer de mim? Alguma coisa que eu possa dar? Uma sopa, um copo d’agua?
           Eu perguntei àquela enfermeira. De onde conheço seus olhos? Ao que ela me respondeu: Da porta daquela igreja. Eu não me esqueci do senhor e hoje eu posso lhe dar o que o senhor quiser.
            Eu lhe disse: Não quero nada, porque eu já ganhei tudo com sua dedicação.
            Daí a alguns dias a morte com seu semblante de zombaria veio me levar.   
            Eu me assustei e pedi que me trouxessem aquela enfermeira. Ela veio com seu semblante doce, se aproximou de mim, tomou minhas mãos e quando parei de respirar ela fechou meus olhos.
            Os céus se abriram para mim, eu estava feliz e podia descortinar um lugar de muita paz onde eu nunca mais precisei mendigar.

            Carlos, ou melhor, Cacaio.   
        
                                                          
          Psicografia recebida em 2018.                                     
          Médium: Catarina.

sexta-feira, 6 de julho de 2018



NUM  ACIDENTE  EU  MORRI

         Chovia muito e anoitecia. Queria chegar em casa de qualquer  maneira antes do anoitecer.
      Mas não conseguira. Um carro cruzou meu caminho e os faróis feriam meus olhos. O veiculo em que eu estava titubeava, escorregava na lama da estrada. Essa estrada de chão é muito boa enquanto não chove, mas se chove é um verdadeiro escorregador.
          Eu pisei mais forte e acelerei. O carro deu uma quinada e rodou, eu perdi completamente o controle. Eu estava só e meu corpo preso ao cinto de segurança ia para lá e para cá. Eu não enxerguei nada ao redor, só escuridão. Os pneus de meu carro pareciam não tocar no chão. Fui assim desgovernado, quando ouvi um estrondo, um estrondo em meus ouvidos, em minha cabeça. E eu não sei como aconteceu eu desmaiara.
         Fiquei por muito tempo assim sem sentidos. Até que ouvi vozes que se aproximavam (eu recuperara os sentidos, pensei.). Veio o socorro. Imobilizaram-me e puseram-me numa maca, todo amarrado. Levaram-me para a UTI de um hospital local. Fiquei algum tempo lá, não posso precisar quanto. Mas enquanto lá estive fui cercado de toda assistência, só que agora sei que não resisti. Morri.
          Vim para uma colônia espiritual que fica sobre a minha cidade. Ainda continuo lá em recuperação.
          Sou cercado de todas as atenções de meus antepassados. Vivo ainda como uma pessoa que se adapta. Ainda não me adaptei.
          Avise aos meus que estou bem, sinto muita falta de meus parentes e amigos.
          Breve darei mais noticias porque hoje é só o que posso falar.
          Estou bem e em paz.  

          Ramiro Duque.         
                                                           
 Psicografia recebida em 2018.                                     
 Médium: Catarina.