quinta-feira, 10 de março de 2022

QUERO NASCER NA TERRA

 QUERO  NASCER NA TERRA


Queria hoje escrever uma bela história, mas infelizmente não tenho nada de belo a relatar de minha vida, de minha existência.
Desde pequenino a dor me acompanhou, sofri fome, frio, humilhação e toda sorte de sofrimento.
Não tive a chance de ter amor de pai, mãe e nem de ninguém.
Ganhei as ruas ainda pequeno e lá continuei o meu martírio de surras, fome, frio... Enveredei pelo caminho da revolta e de sofrimento, passei a roubar, ser avião de traficante e daí para o primeiro assassinato foi um pulo.
Tirar a vida de um outro moleque de rua como eu foi como matar um cachorro de rua, senti prazer e isso me inebriou, entranhou em minha alma e daí tornei-me um assassino; com 18 anos já havia eliminado algumas pessoas, não precisava motivo forte, o prazer em tirar vidas me fazia feliz.
Tolo que fui, tornei-me um monstro, com desculpa de ter tido uma infância infeliz, tentei levar a infelicidade a outros.
Fazia parte de uma quadrilha e assim junto com outros indivíduos como eu organizamos um grupo de extermínio, e por dinheiro, favores ou até mesmo pelo sentimento de “justiça” eliminamos inúmeras pessoas, usando por vezes de práticas de extrema crueldade.
Um dia esse mesmo grupo voltou-se contra mim e fui eliminado e desovado em uma vala.
Cena dantesca foi o momento em que verdadeiros “vampiros” sugavam-me e me extirpavam. Ah, que sofrimento. Anos e anos sofri, sofri muito, mais que todos as dores de minha infância multiplicada por mil.
Hoje fui socorrido e estou em tratamento, estou em condições precária e principalmente prisioneiro e presidiário de minha consciência.
Peço perdão a todos que levei o mal e rogo a Deus a oportunidade de reparar esses erros, mas não sei como, pois tenho muito medo de tudo que terei que encarar, isso se alguém quiser receber-me como filho ou se conseguirei voltar aqui nesta Terra que não soube aproveitar.    

Zé Luiz.

 Psicografia. Republicação 2022.                                     
             Médium: Luciano C.