quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O Moleque e o Carinho

 

O MOLEQUE  E  O CARINHO


É com muito carinho que estou aqui, carinho porque hoje sei o verdadeiro significado desta palavra.
Fui uma criança com muitos irmãos e vivi em completa pobreza, nós éramos carentes de tudo, tudo mesmo, amor, atenção, dinheiro, moradia, comida, enfim vocês têm noção de toda a dificuldade de uma família que vivia em uma favela sem nenhum recurso.  Meu pai era um alcoólatra, minha mãe sofredora e passou a usar drogas pesadas, mas eu acho que era para fugir da realidade. Eu e meus irmãos nem sei, parece que os acontecimentos em que eu vivi, em determinado tempo de minha vida não existiu, eu não consigo lembrar. Sei que fui para as ruas e meus irmãos para o abrigo de menores que fazem coisas erradas.
Eu muito pequeno nas ruas, as pessoas me davam atenção e muitas das vezes matavam a minha fome, não de comida mais de me sentir gente, de ser olhada, mesmo com um olhar de desdém, mais eles estavam me vendo, sabiam que eu existia e isso para mim era muito importante, muitas das vezes eu me perguntava: por quê? Meu Deus, porque eu fico vivo nesta miséria e não morro de fome ou de frio. Que propósito você tem para mim?
Numa noite muito fria eu achei que não ia resistir, mas resistir e uma mulher muito bonita veio ao meu encontro e se encantou comigo, encantou mesmo,pois não tinha nada para oferecer a ela.
Ela olhou para mim e disse?
– Como você chama? Eu disse:
– Não sei, pois não lembrava mais o meu nome, sou um moleque é como todos me chamam aqui.
– Você que ter um lar?
– Como um lar? Você não me conhece, é melhor a senhora ir embora daqui, é muito perigoso.
– Não vou, quero a sua resposta, você quer ter um lar?
– Eu gritei, eu quero, eu quero é o que eu mais quero.
– Então venha e fui e....
E hoje entendo que não resisti ao frio, eu desencarnei isso mesmo desencarnei e fui ter o meu lar aqui, num mundo de luz, de esperança, de renovação e de renascimento.
E digo a todos vocês que aqui eu aprendi o que é ter carinho e receber carinho.
Fui uma criança de rua, mas resisti a tudo de errado, não me droguei, não roubei e não bati em ninguém. Consegui ser um menino do bem.
Muito obrigado pelo carinho e atenção.
              Um menino do bem.

              O Moleque.     

 Republicação 2020.
 Médium:  M. Nicodemos

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