MÃOS VAZIAS
Através dessas linhas que hora escrevo pretendo
contar-lhes um pouco das duas últimas encarnações.
Começo então pela penúltima, eram os anos de 1800, por
essa época nascia em uma grande fazenda de café, no interior do Brasil, cheia
de vida e saúde dava meu primeiro suspiro de retorno à carne. Tinha tudo pra
ter sido útil e feliz, mas me entreguei a inutilidade e a proporcionar a
infelicidade daqueles pobres negros que viviam nas senzalas insalubres das fazendas
do meu pai.
Não sei porque tinha tanto ódio meu coração tão jovem,
me comprazia em ver aqueles pobres negros sofrer, era como se a dor deles me
desse enorme prazer, minha crueldade era tanta que sentia prazer em ver aquelas
costas serem rasgadas pela chibata do feitor, homem rude e de maus modos.
Passei por essa encarnação só prá ser servido e fazer
o mal, não consigo me lembrar de uma única vez que tenha sido boa à alguém, uma
única vez que tenha feito alguém feliz. Casei com homem igual ou pior que a mim
mesma, casamento arranjado, nunca conheci amor, nunca amei, nem mesmo ao meu único
filho. Nunca consegui amar aquele ser, logo após o nascimento já foi entregue
as muitas amas que ali viviam, jamais tive para com ele o menor gesto de
carinho, nunca o aconcheguei em meu regaço, jamais lhe ofereci o alimento que
jorrava dos meus seios. Ele foi crescendo e se tornando um lindo rapaz, mas
para mim não fazia diferença, como fui má. Não cativei nem o amor do meu filho
que por isso nunca me amou como se ama a uma mãe, era-me completamente
indiferente.
Os anos
passaram, não cheguei a envelhecer, uma enfermidade me levou de volta à Pátria
Espiritual, lá cheguei com as mãos vazias, vazias de tudo. Voltei carregando comigo
o ódio daqueles pobres negros que muito comemoraram a minha morte.
Mais uma vez o tempo passou, muito sofri e muito
aprendi, novamente chegou a hora de novo mergulho na carne, pensava em ser pelo
menos um pouco melhor dessa vez.
Volto então a minha última encarnação. Não nasci em
família muito abastada, mas com condições suficiente para que nada me faltasse,
teria aí chances de através do meu esforço conseguir vencer financeiramente e
moralmente, da mesma forma que me foi dada condição de ter escola, tive em casa
na escola do lar mãe amorosa que ensinou a amar a Deus, ser caridosa e fazer o
bem. Ela tentou, eu infelizmente não aprendi.
Era inteligente e logo me destaquei nos estudos, me
formei, tive uma profissão e me casei com homem de posição, era bela,
inteligente, interessante, tinha dinheiro e recebi ensinamentos, enfim tudo
para viver bem e fazer o bem. O que fiz? Mais uma vez tudo errado.
Menosprezava os que tinham condições inferior a minha,
não gostava de me misturar com empregados, jamais pratiquei a caridade, achava
que a tudo e todos se comprava com o dinheiro. Dessa vez aprendi a amar, mas só
os meus, queria ver meus filhos bem, o resto não me importava. Nunca pensei em
ajudar a ninguém, achava que quem não conseguia sucesso financeiro era porque
não tinha coragem, a todos julgava, achava que se não conseguiam é porque eram
preguiçosos, porque faltava-lhes coragem, nunca pensei que pudesse ser por
falta de oportunidades.
Pensava na minha aparência, nunca me conformei com o
fato de estar envelhecendo, cada ruga que marcava meu rosto representava enorme
tristeza para minha alma extremamente fútil. Outra vez ele, o tempo, passou e
eu idosa, demente regressei à Pátria Espiritual. Mais uma vez retornei de mãos
vazias!
Meu Deus aqui estou à tantas décadas, tanto tenho
aprendido, e tanto medo sinto, vejo que em breve devo estar sendo chamada a
nova experiência na carne, o que fazer? Preciso dessa oportunidade, não posso
mais falhar, sei que a natureza não dá saltos, mas preciso dar um salto na
minha triste existência, não posso mais voltar de mãos vazias.
Quanta vergonha e medo sinto quando olho minhas mãos,
vergonha do que não fiz e muito medo do que vou fazer, mas uma coisa eu tenho
certeza, não quero, não devo e não posso mais trazer as mãos vazias.
Meu nome? Prefiro não dizer!
Mãos vazias.
Psicografia recebida 2018.
Médium:Débora S C.
Adoro estas cartas, tanta lição de amor e entendimento, que oportunidade que temos em poder ler. Obrigada 🙏❤️
ResponderExcluirVamos agradecer a Jesus. Um abraço
ExcluirSera k deus um dia vai me conceder a graça de receber uma mensagem de um ente querido ficaria muito feliz
ResponderExcluirQue você tenha a força para vencer essa luta. Que Deus a ajude.
ResponderExcluirBoa Tarde!
ResponderExcluirEssas cartas acalmam meu coração e me dão as lições que devemos levar para vida toda. Se possível poderia solicitar a carta da minha mãe Martha Regina Xavier Barbat faleceu no dia 06/10/2017. Gratidão pela caridade e desejo bastante luz a todos.
Ok. vamos levar o nome pra reunião.ore por ela
ExcluirBoa Tarde!
ResponderExcluirMarco Corrêa
Nome: Martha Regina Xavier Barbat
Desencarnou:06/10/2017
Motivo:Infarto
Gratidão pela atenção.
Ok. Ore por ela
ExcluirGratidão Irmão. Fique a vontade em postar nesse blog, acompanho todos os dias. Me manterei em oração e medição. Desculpa-me se gerei algum transtorno, e lhe desejo melhor por seu esforço e colaboração.
ResponderExcluirObrigado meu irmão pelo carinho e vc não gerou nenhum transtorno nenhum. Continuaremos postando toda semana. Um abraço.
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