BALA PERDIDA
O dia
amanheceu ensolarado, enorme calor deixava todo mundo agitado. Embora
envolvidos por aquele calorão costumeiro, tudo ia se passando normalmente, na
medida do possível, o ambiente insalubre soltava um cheiro forte no ar
intensificado pelo sol forte, contudo aquele dia era somente mais um naquela
favela. Moleques iam e vinham, mulheres lavavam roupas, o pessoal descia as
ladeiras rumo ao trabalho.
Horrivelmente
se instalou uma confusão, pessoas corriam apavoradas e se ouvia no ar estalos
fortes, todos já podiam imaginar era mais um confronto entre policia e os
bandidos do morro. Todos corriam tentando de alguma forma se esconder, todos
trêmulos de medo, pois ao final daquele confronto todos nós já sabíamos o que
aconteceria.
Eu no meu
desespero juntei meus filhos que brincavam na rua, levei-os para dentro do
barraco tentando acomodar cada um o mais rápido possível em um lugar que
oferecesse maior segurança. Mandei que deitassem no chão e que permanecessem
ali. Depois de acomodá-los fui eu a procura de abrigo para mim mesma.
De repente um
barulho muito forte ecoou dentro do meu barraco, senti um forte impacto no meu
peito e em poucos minutos caía ali naquele chão já completamente sem sentidos.
Foi ali naquele lugar, hora e circunstância que eu me despedia da vida,
vitimada por uma bala perdida.
Quanto me dei
conta do que acontecera imediatamente o ódio e a revolta tomaram conta de mim.
Somente muito tempo depois fui compreender e aceitar a nova situação.
Fui
esclarecida que aquela bala perdida tinha como destino meu corpo. Não que isso
tinha que acontecer, mas a espiritualidade aproveitando aquela situação me
recolheu naquela hora. Teria uma morte violenta, já programada antes da minha
encarnação, aquela bala foi o instrumento utilizado para que eu retornasse.
Sei que é
muito, muito difícil para quem perde um ente querido dessa forma. Polícia e
bandidos não deveriam entrar em confronto, nunca. Mas peço vocês que tentem entender a situação, ninguém
retorna antes da hora marcada por Deus.
A morte
violenta é sempre muito marcante para a família, mas hoje sei bem o que me aconteceu,
pensei ser bala perdida, mas não era, aquele projétil tinha um alvo certo que
era eu.
Maria José.
Psicografia
recebida em Reunião de Psicografia fevereiro de 2015.
Médium: Débora S. C.
Adorei o depoimento
ResponderExcluirRealmente é muito bom
ResponderExcluirNossa... Lembro do meu amigo Aureliano Alberto leal Silva que foi assassinado por causa de dívidas com drogas. Peço orações para ele, pois foi recente a sua partida e extremamente brutal. Amém!
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