domingo, 22 de junho de 2014


FOI  POR  AMOR

Não posso começar essa narrativa, sem antes agradecer a Deus nosso Pai pela oportunidade. Obrigado Senhor meu Deus.
Quero contar-lhes em poucas palavras que fiz na minha última encarnação. Nasci numa favela no Rio de Janeiro, num ambiente insalubre e miserável, muito diferente das favelas de hoje que apesar do crime organizado ainda se tem a mínima condição de vida. Onde nasci não havia nada e a doença corria de casa em casa arrebatando muitos moradores daquela comunidade, era a tuberculose, como todos tinham medo.
Eu era ainda rapazinho, com meus quinze anos e já trabalhava para ajudar a minha família, mãe, pai e três filhos. Vivíamos uma vida muito pobre, mas éramos muito felizes, não posso deixar de dizer como sinto saudades daqueles tempos idos, nessa época  meu pai que trabalhava no turno da noite em uma fábrica, já andava com saúde debilitada e não foi difícil contrair a tuberculose tão temida.
Os problemas financeiros que tínhamos aumentaram muito, o que minha mãe ganhava lavando roupas para fora e a minha pequena contribuição não davam nem para que tivéssemos uma alimentação descente.
A fome e a fraqueza se estabeleceram e minha mãe fraca pela falta de alimento, pois alem de termos quase nada ela ainda dizia não ter fome para que nos três pudéssemos dividir a parte dela.
Sempre no trabalho árduo não demorou e ela caiu de cama. Fiquei desorientado, eu era o mais velho e tinha que providenciar alguma coisa que pudesse amenizar a dor dela.
Com muito custo consegui que um médico a visse, porém os remédios que ele receitara eram caros demais para nossas parcas possibilidades.
Cheguei a mendigar ajuda e para auxiliar também os mais novos iam pedir dinheiro nas ruas, alguns davam uns trocados, outros nos enxotavam e assim seguia a vida. Minha mãe piorando a cada dia, comecei a faltar o trabalho para que pudesse olha-la e com isso fui mandado embora. Desesperado, vendo a situação que nos encontrávamos comecei a ter uns pensamentos...
Fui a procura de pessoas que eu sabia não serem direitas, as quais meus pais sempre nos mantinha-nos afastados, pedi para que me ensinassem a roubar e assim sai para minha nova investida, já no primeiro dia roubei de uma dama elegante um grosso colar, o qual não tive dificuldade em vender, muitos joalheiros desonestos compravam essas jóias por preço muito menor, sabendo serem fruto de roubo.  
Naquele dia voltei pra casa com remédios e muita, muita comida, tanta coisa que mal conseguia subir o morro.
Minha mãe ao receber aquilo logo me perguntou o que havia acontecido, e sem dificuldade descobriu tudo, chorou e implorou para que eu largasse aquela gente, mas já era tarde, fui me acostumando a cada dia com a vida fácil e farta.
Minha mãe de tristeza e dor acabou morrendo.
Ensinei meus irmãos a roubarem comigo, depois nos separamos e eu nunca mais os vi.
Quando eu contava apenas vinte e dois anos fui morto pela policia num grande e astucioso assalto a uma casa.
Hoje vivo nas sombras a procurar por minha mãe, mas no lugar que me encontro ainda há muita escuridão e dor.
                                          Gutinho.   
       
                                                          Psicografia recebida em Reunião Mediúnica 2014
                                                                      Médium:  Débora  

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