FOI POR
AMOR
Não posso
começar essa narrativa, sem antes agradecer a Deus nosso Pai pela oportunidade.
Obrigado Senhor meu Deus.
Quero
contar-lhes em poucas palavras que fiz na minha última encarnação. Nasci numa
favela no Rio de Janeiro, num ambiente insalubre e miserável, muito diferente
das favelas de hoje que apesar do crime organizado ainda se tem a mínima
condição de vida. Onde nasci não havia nada e a doença corria de casa em casa
arrebatando muitos moradores daquela comunidade, era a tuberculose, como todos
tinham medo.
Eu era
ainda rapazinho, com meus quinze anos e já trabalhava para ajudar a minha
família, mãe, pai e três filhos. Vivíamos uma vida muito pobre, mas éramos
muito felizes, não posso deixar de dizer como sinto saudades daqueles tempos
idos, nessa época meu pai que trabalhava
no turno da noite em uma fábrica, já andava com saúde debilitada e não foi
difícil contrair a tuberculose tão temida.
Os
problemas financeiros que tínhamos aumentaram muito, o que minha mãe ganhava
lavando roupas para fora e a minha pequena contribuição não davam nem para que
tivéssemos uma alimentação descente.
A fome e a
fraqueza se estabeleceram e minha mãe fraca pela falta de alimento, pois alem
de termos quase nada ela ainda dizia não ter fome para que nos três pudéssemos
dividir a parte dela.
Sempre no
trabalho árduo não demorou e ela caiu de cama. Fiquei desorientado, eu era o
mais velho e tinha que providenciar alguma coisa que pudesse amenizar a dor
dela.
Com muito
custo consegui que um médico a visse, porém os remédios que ele receitara eram
caros demais para nossas parcas possibilidades.
Cheguei a
mendigar ajuda e para auxiliar também os mais novos iam pedir dinheiro nas
ruas, alguns davam uns trocados, outros nos enxotavam e assim seguia a vida.
Minha mãe piorando a cada dia, comecei a faltar o trabalho para que pudesse
olha-la e com isso fui mandado embora. Desesperado, vendo a situação que nos
encontrávamos comecei a ter uns pensamentos...
Fui a
procura de pessoas que eu sabia não serem direitas, as quais meus pais sempre
nos mantinha-nos afastados, pedi para que me ensinassem a roubar e assim sai
para minha nova investida, já no primeiro dia roubei de uma dama elegante um
grosso colar, o qual não tive dificuldade em vender, muitos joalheiros desonestos
compravam essas jóias por preço muito menor, sabendo serem fruto de roubo.
Naquele
dia voltei pra casa com remédios e muita, muita comida, tanta coisa que mal
conseguia subir o morro.
Minha mãe
ao receber aquilo logo me perguntou o que havia acontecido, e sem dificuldade
descobriu tudo, chorou e implorou para que eu largasse aquela gente, mas já era
tarde, fui me acostumando a cada dia com a vida fácil e farta.
Minha mãe
de tristeza e dor acabou morrendo.
Ensinei
meus irmãos a roubarem comigo, depois nos separamos e eu nunca mais os vi.
Quando eu
contava apenas vinte e dois anos fui morto pela policia num grande e astucioso
assalto a uma casa.
Hoje vivo
nas sombras a procurar por minha mãe, mas no lugar que me encontro ainda há
muita escuridão e dor.
Gutinho.
Psicografia
recebida em
Reunião Mediúnica 2014
Médium: Débora
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