sexta-feira, 7 de junho de 2024

UM EMBRIAGADO AO VOLANTE

 



UM EMBRIAGADO AO VOLANTE


A estrada que me leva é muito tortuosa. E eu tenho pressa de chegar.
Vem uma curva, mais outra e mais outra e eu não vejo o final.
Caminho, caminho e caminho e nada que limite o final. É infinito esse caminho tortuoso.
Não sofro, mas me angustio. Quero falar, mas não tenho voz, mas também para que falar se não tenho quem me ouça? Que me vale gritar se não tenho nada a minha frente que possa por fim ao meu tormento.
Ah! Sim, ainda me lembro. Eu estava indo no meu carro, mas houve algo de errado e acho que cochilei. Ouvi um estrondo e nada mais vi.
Acho que não vi nada, mas sinto que algo me aconteceu de extraordinário. Acho que morri! Mas será? Nada senti e nada sinto; só sei que algo me impulsiona a andar e a andar. Mas para onde e por quê?
Estou me sentido perdido. Essa estrada não tem nenhum veículo e nenhum transeunte. Só eu. Por quê?
Se vocês puderem me explicar esse fenômeno:
Estava andando e sem mais nem menos cheguei aqui.
Não lhes conheço e creio que também vocês não me conhecem.
Deem-me uma explicação tangível. Eu morri? E se morri cadê o céu? Cadê o purgatório? O inferno não quero saber, pois acho que não é para lá que vou.
Fui um homem trabalhador e honesto. Gostava de umas biritas e acho que foi por isso que devo ter esbarrado em outro carro ou em algum obstáculo. Eu estava meio chapado... Ia pra casa dormir e no meio do caminho acho que dormi e ouvi o estrondo.
Sim, depois desse raciocínio estou quase certo de que morri, mas se morte é isso, não é tão ruim.  
Mas não gosto da solidão e esse caminho é muito solitário.
Agradeço a vocês e peço: não me levem mais para esse caminho e sim para um lugar onde haja gente. Gente de bem.
Prometo nunca mais me embriagar.

Paulo Fernandes.

                                                           
 Psicografia recebida em 2018.                                     
 Médium: Catarina.