domingo, 13 de abril de 2014


QUERO SURFAR


          Estou aqui amparado por amigo que diz me conhecer de longas datas. Não sinto que o conhecia, mas aceitei sua ajuda, pois ele me trouxe a esta casa para que eu possa colocar no papel o que me aconteceu e a revolta que sinto por não poder continuar.
             Estava eu nas ondas, como gostava de fazer sempre. Passava mais tempo na água do que em terra. Treinava muito porque amava e queria ser o melhor. Ao me descolar nas ondas me sentindo um pássaro voando, senti que vinha várias ondas em “tubo” e ali fiquei enrolado na mesma e sem ar.
           Fiquei sufocado e meu corpo já não era mais aquele. Perdi totalmente a noção do que estava acontecendo.
       Fui acolhido por pessoas que não conhecia. Aí meu corpo ali na areia tentando ser ressuscitado, mas não consegui acordar mais. Que lastima. Tive pena de mim. Entendi que havia morrido, mas tudo era muito confuso.
           Durante as homenagens fiquei junto a minha prancha, pois não podia me desligar dela. Senti as emoções das pessoas que me amava a flor da pele e a minha também. Acompanhei o cortejo pois não consegui me desligar dele. O que é ver o próprio enterro? È deprimente. Doloroso. Sem explicação. Estou ainda a andar por ai na tentativa de voltar as minhas raízes, a minha vida mesmo sabendo que é tudo em vão.
         Não posso dizer aquela que me ama que sofro, pois ela não agüentaria saber desta real situação. Este é um desabafo. Deus não podia ter feito isso comigo. Me tirou a vida no momento em que viver era a coisa que mais queria. Sinto revolta e sinto horror em estar aqui.
        Espero poder voltar um dia com minha prancha de Surf que carrego até hoje, sem me desgrudar dela. Já me disseram que um dia vou voltar e vou esperar por este dia com muita aflição e esperar que chegue logo.
            Minha mãe sofre. Sofre muito pois perdeu seu filho amado e eu também perdi a pessoa que durante mais 25 anos só fiz por amar.
            Deixo aqui meu depoimento de dor.
           Já ouvi dizer que tudo passa e espero então que essa dor possa realmente passar.
           Aos meus companheiros de Surf deixo meu toque, meu abraço, estarei ali guiando-os.
                           
                                                           Adalberto , Um grande surfista.

            Médium: Regina Lameirinhas


               Psicografia recebida em Reunião de Psicografia em Fevereiro 2014


PORQUÊ?


               Ainda menino eu corria pelas ruas do meu bairro, brincava no mato, jogava bola e ia para escola. Fiquei adulto, estudei, me formei e virei Doutor.  Tive uma família linda com filhos e trabalhei muito para criar meus filhos. 
           Quando eu já estava com uma certa idade que já não trabalhava tanto assim e que poderia curtir os meus, acontece o diagnóstico  de minha doença. Eu não teria muito tempo de vida, mas não me desanimei , fiz tudo o que me era dito e nada adiantou.
            Quando já não me era mais dono de mim mesmo, eu precisava de todos para cuidar do meu corpo, remédios e até mesmo ler, que era o meu passatempo que eu mais gostava, era necessário a ajuda de uma pessoa estranha ou mesma conhecida.
             Tenho várias dúvidas desde quando cheguei nesta vida que me encontro hoje. Porque tudo isto se me era tão pouco o tempo com os meus amados. Se teria que voltar para a vida inicial, “espiritual”, porque não me tirou a vida quando criança ou quando sofri com a separação dos meus pais. Por quê?
         Deixei filhos pequenos, esposa e mãe desamparadas, pessoas que lutaram e sofreram comigo todos os momentos. São tantos os porquês. Mesmo que tenho estudado a minha vida toda para me tornar um Doutor não consigo aceitar.
              Obrigado por me deixar escrever este meu desabafo e lamentar minha vinda para cá.
              Obrigado, obrigado! 

              Romário. 
   
              Psicografia publicada 2014.
              Médium: M. Nicodemos.