QUERO SURFAR
Estou aqui amparado por
amigo que diz me conhecer de longas datas. Não sinto que o conhecia, mas
aceitei sua ajuda, pois ele me trouxe a esta casa para que eu possa colocar no
papel o que me aconteceu e a revolta que sinto por não poder continuar.
Estava eu nas ondas,
como gostava de fazer sempre. Passava mais tempo na água do que em terra. Treinava
muito porque amava e queria ser o melhor. Ao me descolar nas ondas me sentindo
um pássaro voando, senti que vinha várias ondas em “tubo” e ali fiquei enrolado
na mesma e sem ar.
Fiquei sufocado e meu
corpo já não era mais aquele. Perdi totalmente a noção do que estava
acontecendo.
Fui acolhido por pessoas
que não conhecia. Aí meu corpo ali na areia tentando ser ressuscitado, mas não
consegui acordar mais. Que lastima. Tive pena de mim. Entendi que havia
morrido, mas tudo era muito confuso.
Durante as homenagens
fiquei junto a minha prancha, pois não podia me desligar dela. Senti as emoções
das pessoas que me amava a flor da pele e a minha também. Acompanhei o cortejo
pois não consegui me desligar dele. O que é ver o próprio enterro? È
deprimente. Doloroso. Sem explicação. Estou ainda a andar por ai na tentativa
de voltar as minhas raízes, a minha vida mesmo sabendo que é tudo em vão.
Não posso dizer aquela
que me ama que sofro, pois ela não agüentaria saber desta real situação. Este é
um desabafo. Deus não podia ter feito isso comigo. Me tirou a vida no momento
em que viver era a coisa que mais queria. Sinto revolta e sinto horror em estar
aqui.
Espero poder voltar um
dia com minha prancha de Surf que carrego até hoje, sem me desgrudar dela. Já
me disseram que um dia vou voltar e vou esperar por este dia com muita aflição
e esperar que chegue logo.
Minha mãe sofre. Sofre
muito pois perdeu seu filho amado e eu também perdi a pessoa que durante mais
25 anos só fiz por amar.
Deixo aqui meu depoimento
de dor.
Já ouvi dizer que tudo
passa e espero então que essa dor possa realmente passar.
Aos meus companheiros de
Surf deixo meu toque, meu abraço, estarei ali guiando-os.
Adalberto , Um grande surfista.
Médium: Regina Lameirinhas
Psicografia recebida em Reunião
de Psicografia em Fevereiro 2014