O  DINHEIRO NÃO  ME  SALVOU

Fui esperado por meus pais com muito amor, já cheguei ao mundo de maneira privilegiada em berço de ouro, como se costuma dizer, além de família rica e ter tido por isso todo o conforto que o dinheiro compra. Tive também o afeto e carinho de forma integral, tanto dos meus pais, quanto do restante da família.

Criança feliz, inteligente, cheia de vida, fiquei diferente de muitas crianças, feliz com a chegada da minha irmão, nunca tive ciúmes dela, sempre a amei, e continuo amando.

Durante a adolescência passei por um período de rebeldia, tão comum à idade, mas isso logo passou e voltei a tranquilidade tão peculiar ao meu temperamento. Bom aluno estudei em escola de excelente nível, aprendi idiomas, aos dezessete anos entrei para a faculdade, pra ser sincero, nunca pensei em me formar por causa de dinheiro, se eu passasse a minha vida toda sem trabalhar ainda assim teria dinheiro para viver gozando do conforto de sempre, estudei porque gostava, queria ser juiz, adorava ver filmes desde criança e ver aquelas cenas, aquilo me atraia. Na faculdade fui aluno exemplar.

O que dizer então da minha vida até aqui? Eu era feliz, minha família me amava, eu estudava e eu formaria no que eu sonhava e além de tudo isso, o dinheiro nunca foi problema, eu tinha tudo o que um jovem sonha, ia às aulas no meu carro do ano, presente do meu pai quando completei dezoito anos. Felicidade definia a minha vida.

Quando estava no último ano da faculdade, feliz da vida com a proximidade da formatura, por essa época comecei a sentir os primeiros sintomas da doença. Procurei um médico que pediu alguns exames, depois mais alguns, e ainda outros, enfim recebemos o diagnóstico.

Quando soube o que eu tinha fiquei revoltado, não podia estar acontecendo comigo, mas mesmo sem me conformar resolvi que eu lutaria e que eu ia sobreviver, ia ficar curado, a revolta deu lugar a imensa força de lutar, procurei os melhores especialistas, fomos atrás do que havia de mais moderno no tratamento do meu mal.

Não poupamos esforços, nem dinheiro, nem nada, eu e minha família procuramos por todo o tratamento possível e impossível.

A doença só piorava meu estado físico, sentia muitas dores, emagreci, aquele corpo atlético que eu tinha deu lugar a um amontoado de pele e ossos, morri aos pouquinhos, me sentia morrer a cada dia...  

A faculdade? Não tive forças para ir até o fim, cheguei até ir de cadeira de rodas algumas vezes, achava que aquilo era somente uma fase, que logo retornaria ao que sempre fui, saudável e feliz.

No final me vi sem conseguir andar, nem mesmo conseguia ir ao banheiro para fazer as necessidades, para tudo dependia de ajuda, passei a usar fraldas e assim fui me acabando...      

Eu era jovem, a doença me limitou os movimentos, mas completamente lucido sentia que estava próximo o meu fim.

Finalmente chegou o dia da minha partida ou do meu retorno, me senti aliviado por abandonar aquele corpo que já não mais correspondia aos anseios do meu espírito livre e feliz. A morte foi uma libertação, deixava o corpo que me foi dado por Deus para viver aquele período em que fui tão feliz, partia meu espirito, livre, sem dor e sem limitações.

Meus amigos quero dizer à vocês que o quê levamos da vida sempre serão os bons momentos, o que ganhamos e damos de amor, aos muito apegados ao dinheiro deixo essas palavras: “Quando a dor, o sofrimento e a doença nos batem a porta e precisamos passar pelo que estamos passando, não tenham ilusão, o dinheiro não compra a saúde assim como não compra a felicidade de ninguém. Dinheiro proporciona conforto, mas só o amor compra a paz. “

Aos meus pais deixo meu eterno muito obrigado por tanto amor para comigo.

Eurico.

                           

            Psicografia recebida em 2019.                                     

            Médium:  Débora S C.