"MORTO"  E  SALVO  NA CASA  ESPÍRITA

           Quero narrar um fato aos meus amigos.

         Fui uma pessoa bem aquinhoada. Tive uma infância normal como todas em geral, uma família simples é verdade, mas nunca me faltou o essencial, o pão na mesa, o agasalho, o estudo.

Em minha adolescência me rebelei. Meus pais sempre me aconselhavam muito. Aconteceu que um fato ocorreu em minha família e eu fui esquecido deles. Pelo menos eu assim achava.

Minha mãe já não se importava comigo, ficava dormindo e não fazia mais o alimento para nós. Não adiantava nada meu pai ralhar com ela, porque ela não dava importância o que meu pai dizia.

Mais tarde vim a saber que meu pai a havia traído com uma outra mulher e ela fazia aquilo para magoá-lo. Mas que culpa tinha eu?  

No colégio em que eu estudava havia um grupo de alunos meio diferente. Um dia eu me acerquei deles e comecei a conversar. Um deles parece que se identificou mais comigo. Um dia ele me convidou para uma festa e eu fui.

Foi o início de minha queda. Nessa festa, bebidas, comidas, danças eram muito diferentes. Me ofereceram cigarro, eu aceitei e gostei. Depois surgiram outras festas, e eu comecei a não voltar mais para casa. Me satisfazia com meus amigos e drogas.

O tempo passou, parei de estudar e num dia horrível soube da morte de minha mãe. Não fiquei sabendo de quê ela morreu. Só sei que tomei ódio de meu pai e me afastei definitivo de minha casa.

Dormia nas ruas, quase sempre drogado, sujo e maltrapilho. Aqueles que me ofereciam drogas também foram se afastando e num dia muito frio que eu estava enregelado morri de frio.

Fui encontrado morto por pessoas que passavam na calçada. Fui para o IML e lá passei por uma autópsia. Meu pai foi reconhecer meu corpo. Eu via tudo e queria gritar que estava vivo e que não suportava a presença daquele homem perto de mim.

Fiquei perambulando pelos lugares que estava acostumado pedindo drogas. Caia, levantava, sentia frio e calor, mas estava morto. Como sofri meus irmãos, como sofri. Sofri mais nesse estágio do que em toda minha vida.

Um dia alguém que eu não conhecia se aproximou de mim e disse: venha irmão, estão solicitando sua presença. Eu segui essa pessoa, uma mulher. Fui levado a uma Casa Espírita, onde várias pessoas estavam reunidas aguardando, não só a minha presença, mas de outras pessoas desconhecidas por mim.

Houve uma reunião. A prece foi muito comovente, e quando chegou a minha vez, conversaram comigo, falaram de Jesus e me disseram: Siga essa mulher que te trouxe, ela é sua mãe. Foi quando eu olhei e realmente eu fora conduzido até ali por minha mãe e não a reconhecera.

Foi-me dito que eu devia perdoar a meu pai e aqueles que me magoaram.

Eu hoje estou bem, sou tratado em um departamento onde minha mãe é enfermeira.

Venho dizer-lhes: Não recuem dessa tarefa que vocês fazem.  Continuem, pois fui salvo por uma reunião como a de vocês.  

Altamiro de Lima.        

    

                                                      

 Psicografia recebida em 2018.                                     

 Médium: Catarina.