UM  DIA  UMA  GRIPE

  

Longe de mim pensar na morte. Ela só acontece com os outros não comigo...

E foi assim que fui colhido, como aos demais que me antecederam. A morte chegou, chegou de mansinho: um dia uma gripe, outro dia uma dor, outro dia o desanimo... E foi assim.  

Pressão alta, falta de ar, dor no peito...

Mas era mal da idade eu pensava.

Ia trabalhar mesmo assim, até que um dia no trabalho passei mal e desmaiei...

Fui levado de ambulância ao hospital. Mas eu acompanhei tudo. Eu ia na ambulância desmaiado e eu ia me vendo, e sentindo as dores mesmo assim.

Fui medicado, voltei para casa e assim foi passando o tempo. Um ano depois eu ainda estava de licença médica e sem mais nem menos dei uma ausência de memória. Não sabia de nada, estava alheio e fui internado na UTI sem saber de nada mais...

Quanto tempo passou? Não sei, só sei que acordei em um lugar misterioso, misto de hospital e clínica geriátrica onde se achavam vários enfermos como eu: apáticos. Fiquei muito tempo sendo tratado lá.

Comecei a ter aulas de religião ali mesmo. Vinha um casal muito simpático, bíblia debaixo do braço que orava por todos nós, nos ungiam com óleo e nos acalentavam. Mais tarde soube que eram evangélicos.

Hoje estou melhor. Já faço parte dessa congregação religiosa.

Sei que já não faço parte do mundo dos vivos, sei que já morri.

Só que não entendia a morte dessa forma. Achava que dormia e que apagava. Não é assim. Estou ativo e esse casal já me disse para eu me preparar porque aqui tem serviço para mim.

Peço a Jesus que abençoe os meus especialmente a você que pediu por mim.

José.

                                                               

 Psicografia recebida em 2020.                                     

 Médium: Catarina.