SONHO DE UM JOVEM MÉDICO
Sou um jovem
médico recém-formado com sonhos e desejos de passar um ano dedicando aos mais
necessitados. Gostaria muito de ir para a África, cuidar da desnutrição, doar
amor e pegar no colo aquelas crianças, mas meu destino foi outro.
Não deixei
de ajudar, sempre tinha em minha agenda um horário para um carente ou um
familiar, mas esse horário foi deixando de existir, a minha fama cresceu muito rápido
e meu consultório era muito requisitado nos horários para atendimento.
Passei a
atender uma vez ao mês os mais necessitados, mas sem que eu me dei conta não
havia horário em minha agenda disponível, não percebi que já havia passado dois
anos sem nenhum atendimento voluntário.
Eu jovem com
apenas 28 anos já havia em meu nome um patrimônio, consegui o meu consultório
que era a minha prioridade naquele momento, depois o carro luxuoso, lógico o
mais possante.
Mas um dia
deitado em minha cama no meu humilde quarto ainda, eu adormeci e sonhei com outra
realidade, onde me via e um lugarejo pobre e rodeado de crianças saudáveis e
felizes ao meu redor cantando cantigas de rodas e houve em meu rosto um sorriso
que a muito tempo não se via em mim. Acordei com esse sorriso no rosto, corri
para a sala e contei para a minha mãe e ela me fez recordar do meu desejo e
sonho que deixei num canto esquecido.
Depois
daquela tarde não consegui me sentir bem e aquele desejo de estar ali naquele
consultório em obras com peças tão caras já não fazia mais sentido pra mim.
Resolvi conversar com meus pais a sério. Se eu fosse embora e vendesse o carro
e alugasse o consultório haveria dinheiro suficiente para minha viajem, eles
ficariam com o aluguel para as despesas da casa que eram minhas por obrigação. Recebi
naquele momento o apoio e o incentivo que estava precisando para deixar aquele
lugar por um ano somente, e essa foi a condição que meus pais me pediram, “somente
um ano meu filho”.
Como filho
único sei que eles estavam ali inseguros, contentes, orgulhosos, mas ao mesmo
tempo pensando na saudade, na falta da convivência do dia a dia, as comidinhas
feitas especiais pra mim, as manhãs de domingos na missa das 07 horas, enfim
sei que eles sofreram muito em me deixar realizar o meu sonho.
Fui, viajei
com um grupo de voluntários para o “Haiti”, fui com o coração cheio de boa
vontade, com o coração transbordando de alegria. No meio do caminho encontramos
um grupo de médicos com a missão cumprida e de volta para casa, com o rosto
carregado de tristeza, cansaço e principalmente sem esperança. Isso me fez
acordar para a realidade que eu deveria encontrar muitas dificuldades,
tristezas, apegos e perdas, mas não me deixei abater, voltei a pensar somente
nas possibilidades de fazer o bem e curar aqueles que precisavam de imediato.
Minha
realidade ali foi tão assustadora que fiquei durante 09 meses, mas diante de
tão pouco recurso eu fui me deixando levar pelo desespero, estava com muita
fadiga, eu não conseguia dormir. Estudava o tempo todo em busca de uma forma
mais econômica e até mesmo recursos similares que poderiam salvar mais.
Trabalhei
tanto que não percebi que em mim havia chagas, quando começaram as febres já
não havia muito recurso para meus colegas me salvarem. Morri num campo junto
com os meus pacientes.
Realizei o
meu sonho, mas hoje sinto que fui egoísta com os meus pais. Sinto suas dores e
lágrimas e o remorso por eles terem deixado seu único filho partir.
Eu sou o Dr.
Maurício...
Psicografia
recebida em 2019.
Médium:
M. Nicodemos
Q coragem parabéns
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