domingo, 1 de março de 2015


BALA PERDIDA

O dia amanheceu ensolarado, enorme calor deixava todo mundo agitado. Embora envolvidos por aquele calorão costumeiro, tudo ia se passando normalmente, na medida do possível, o ambiente insalubre soltava um cheiro forte no ar intensificado pelo sol forte, contudo aquele dia era somente mais um naquela favela. Moleques iam e vinham, mulheres lavavam roupas, o pessoal descia as ladeiras rumo ao trabalho.
Horrivelmente se instalou uma confusão, pessoas corriam apavoradas e se ouvia no ar estalos fortes, todos já podiam imaginar era mais um confronto entre policia e os bandidos do morro. Todos corriam tentando de alguma forma se esconder, todos trêmulos de medo, pois ao final daquele confronto todos nós já sabíamos o que aconteceria.
Eu no meu desespero juntei meus filhos que brincavam na rua, levei-os para dentro do barraco tentando acomodar cada um o mais rápido possível em um lugar que oferecesse maior segurança. Mandei que deitassem no chão e que permanecessem ali. Depois de acomodá-los fui eu a procura de abrigo para mim mesma.
De repente um barulho muito forte ecoou dentro do meu barraco, senti um forte impacto no meu peito e em poucos minutos caía ali naquele chão já completamente sem sentidos. Foi ali naquele lugar, hora e circunstância que eu me despedia da vida, vitimada por uma bala perdida.
Quanto me dei conta do que acontecera imediatamente o ódio e a revolta tomaram conta de mim. Somente muito tempo depois fui compreender e aceitar a nova situação.
Fui esclarecida que aquela bala perdida tinha como destino meu corpo. Não que isso tinha que acontecer, mas a espiritualidade aproveitando aquela situação me recolheu naquela hora. Teria uma morte violenta, já programada antes da minha encarnação, aquela bala foi o instrumento utilizado para que eu retornasse.
Sei que é muito, muito difícil para quem perde um ente querido dessa forma. Polícia e bandidos não deveriam entrar em confronto, nunca. Mas peço  vocês que tentem entender a situação, ninguém retorna antes da hora marcada por Deus.
A morte violenta é sempre muito marcante para a família, mas hoje sei bem o que me aconteceu, pensei ser bala perdida, mas não era, aquele projétil tinha um alvo certo que era eu.

Maria José.             
                                                         
Psicografia recebida em Reunião de Psicografia fevereiro de  2015.                                      
            Médium:  Débora S. C.

3 comentários:

  1. Nossa... Lembro do meu amigo Aureliano Alberto leal Silva que foi assassinado por causa de dívidas com drogas. Peço orações para ele, pois foi recente a sua partida e extremamente brutal. Amém!

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